Manoel Júnior, da carreira vitoriosa à derradeira luta – Heron Cid
Opinião

Manoel Júnior, da carreira vitoriosa à derradeira luta

1 de março de 2023 às 13h10
Vítima de patologia agressiva, político travou sua maior batalha lutando até as últimas gotas de vida

Manoel Júnior viveu quase tudo na trajetória de homem político. Inclusive, o amargo que nenhum deles saboreia, a volta ao começo depois de experimentar como poucos o doce do alto prestígio em Brasília.

De prefeito de Pedras de Fogo a deputado estadual, vice-prefeito de João Pessoa e deputado federal três vezes. Manoel frequentou a roda grande do poder, na Paraíba e no Planalto, mas também conviveu com a necessidade de se reinventar.

Foi de 0 a 100 e, também, o contrário.

Quando passou por sua única tentativa frustrada por uma vaga na Câmara em 2018, Manoel teve que recomeçar. Na luta pela eleição de Pedras de Fogo, em 2020, voltou ao começo de tudo. E jogou todas as fichas.

No titânico embate de vida ou morte contra adversários no pleno controle da máquina municipal, venceu. E provou que na política, tal qual como na vida, nada é definitivo. Nem vitória e nem derrota.

Em pleno triunfo do recomeço, com disposição de fazer tudo de novo e melhor no comando da cidade que lhe projetou, tinha uma pedra no meio do seu caminho. Uma pedra tão consumidora quanto o fogo.

O fulminante câncer no pâncreas atravessou, sem piedade, a caminhada do prefeito. Chegava a ser comovente a força relutante de seu corpo já franzino diante das evidências do abatimento e do agravamento da doença.

Apesar de tudo, e do que só ele mesmo sabia na intimidade, Manoel se esforçava para cumprir agendas, pintava – literalmente – o rosto de esperança para suavizar as cores da enfermidade nas faces, sacudia a poeira da iminente tristeza e lutava para dar a volta por cima.

Não deu. E esse percurso dos dias e horas deve ter sido dilacerante para um médico competente, como ele, conhecedor da dinâmica e dos prazos impostos no calendário da vida em casos de patologia tão agressiva. O médico era o paciente consciente.

Morreu como viveu. Esgrimando as dores com determinação, guerreando com a postura contundente que sempre lhe acompanhou, empurrado pelo entusiasmo da sua natureza. Somente um câncer mortal para derrubar alguém com o espírito combativo, a disposição de luta e a vocação para vencer de um Manoel Júnior.

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