Prédios fora da lei: procuradores do MP botam o dedo numa ferida que é muito maior – Heron Cid
Opinião

Prédios fora da lei: procuradores do MP botam o dedo numa ferida que é muito maior

24 de janeiro de 2024 às 14h11
Colégio de Procuradores desembarca na superfície do problema; mergulhará na profundidade dele?

Lá pelos anos 2.ooo, um jornal de João Pessoa pautou uma matéria sobre construções irregulares e invasões no litoral paraibano. João Pessoa e Cabedelo, onde moram com os pés na água bacanas e poderosos de todos os poderes, literalmente, eram o alvo. A reportagem, tal qual as investigações, morreram na praia, como me contou repórter da época.

Vinte e poucos anos se passaram no calendário e os casos de crimes molham as barbas das autoridades, sem constrangimento. A diferença é que agora a imprensa não submergiu e a ilegalidade encontrou na promotora Claudia Cabral uma timoneira para enfrentar a onda que ameaça devastar a Lei do Gabarito, sem medo da ressaca.

Se o Ministério Público identificou construções fora da lei no metro quadrado mais especulado, vigiado e valorizado da Paraíba, a orla de João Pessoa, residem problemas ainda maiores nas demais cidades litorâneas, distantes da lupa da Justiça e da imprensa.

O Colégio de Procuradores do MP viu isso e advogou, na sua última reunião, a necessidade da extensão da investigação inicial na capital para todo o litoral paraibano. Cabedelo, especialmente, Conde, Baia da Traição, Mataraca e Pitimbu entram na mira.

Os quatro prédios edificados acima do limite e da lei em Cabo Branco e Manaíra são só a pontinha do iceberg. Todo mundo sabe e os procuradores certamente também.

Qualquer investigação séria, portanto, não pode ficar só na altura do problema. Tem que ter a coragem de descer ao alicerce. Quando chegar lá, é possível ver que o festival de licenças e alvarás viciados pode ter deixado muita gente nadando em dinheiro. E surfando na impunidade.

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