O país que festeja os campeões é o que humilha os atletas iniciantes – Heron Cid
Opinião

O país que festeja os campeões é o que humilha os atletas iniciantes

31 de julho de 2021 às 12h10 Por Heron Cid
Rebeca Andrade, Ítalo Ferreira e Rayssa Leal

Li um brilhante artigo do jornalista Expedito Madruga, no site Globo Esporte Paraíba, sobre os campeões olímpicos com origem no Nordeste.

Citou Ítalo Ferreira, do Rio Grande do Norte, e Rayssa Leal, do Maranhão.

A abordagem me trouxe à memória os tempos de repórter, curtos por sinal, na televisão, na TV Correio/Record, para ser mais preciso.

Nas pautas de esportes, enredo sempre idêntico. Atletas mirins sustentados, literalmente, pela família.

Pautadas pelos próprios pais, as matérias tinham o mesmo objetivo: sensibilizar governos, empresas ou pessoas a patrocinar viagens para competições fora do estado.

Uma petição, uma súplica, um apelo, quase um pedido de esmola na falta, na ausência, no descaso de políticas públicas para fomentar, incentivar e garantir carreiras no mundo dos esportes.

Um contraste frente ao país inteiro que agora comemora os resultados honrosos de nossos atletas nas Olimpíadas.

Medalhas quase todas frutos de esforços individuais, de ‘paitrocínios’ e de lutas sem a presença do poder público, da sociedade civil organizada na preparação dura, sofrida, solitária, do que hoje é festa coletiva.

Somos esse país que ignora os iniciantes das piscinas, dos amadores do surf, do judô, e dos meninos descalços chutando sonhos nos campos de terra batida.

Mas, somos o país que se emociona, festeja, posta e se orgulha do triunfo de quando viram campeões com bronze, prata ou ouro no peito.

Aplaudimos a chegada, depois de dar as costas na partida.

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