Lígia e a Muralha da China – Heron Cid
Opinião

Lígia e a Muralha da China

2 de julho de 2019 às 11h10 Por Heron Cid

Quem acompanhou a dureza vivida por Lígia Feliciano no micro processo eleitoral de 2018, seja nos bastidores ou no que saiu em público, chega se surpreender com a leveza da reeleita vice-governadora da Paraíba neste 2019.

Nem parece que ela viveu um turbilhão de abril a julho e foi testada nos nervos e atitudes à exaustão. Disposta a disputar o governo se assumisse o cargo com eventual desincompatibilização do então governador Ricardo Coutinho, Lígia conseguiu a proeza de tensionar sem fraturar.

O resto da história todos sabem. Venceu a tentação de romper e ainda deu a volta por cima, garantindo novamente a vaga na chapa, uma presença crucial na campanha. De quebra, o deputado federal Damião Feliciano, que chegou a ter a cabeça na bandeja em praça pública, foi reeleito. E com folga.

Fatos e situações que Lígia tira de letra quando perguntada sobre passado e presente, como fez ontem durante entrevista ao autor do Blog no Frente a Frente, da TV Arapuan.

A aridez daquele período é minimizada como própria do debate eleitoral. A médica diz que o que importa é que, durante toda a travessia do processo, manteve a coerência do discurso administrativo e a defesa do “projeto”, o que permitiu conciliação e recondução ao cargo.

Milimétrica, Lígia salta comparação nas relações com o governo de ontem e o de hoje, ainda que os acenos e eventos públicos exponham, sem espaço de dúvidas: ela e o seu PDT estão mais acomodados agora do que antes.

Não quer melindres. Fala de Ricardo como “excelente gestor” e a quem, inclusive, seu PDT pode emprestar apoio em 2020, caso o socialista decida disputar a Prefeitura de João Pessoa. Lígia, na verdade, está focada no projeto de sempre: gasta saliva e energia associando sua imagem à construção da gestão que integra.

Ela embarcou ontem para a China liderando uma comitiva de paraibanos com visita programada para vender o destino Paraíba como ambiente de negócios. E dessa pauta ela fala com entusiasmo em vez de ruminar mágoas ou críticas contra pessoas e fatos superados.

Lígia pisa em solo chinês no fim desta quarta-feira. Na terra de milenar sabedoria, ela tem muito a aprender, mas também pode emprestar uma lição vivida na pele: a da resiliência e rápida capacidade de adaptação às mudanças. E ao olhar para a emblemática e sugestiva Muralha da China, é capaz de lembrar das muralhas transpostas ano passado e deixar um provérbio bem paraibano para povo sino: “A lagarta rasteja até o dia em que cria asas…”

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