Temer associa Previdência à sucessão de 2018. Por Josias de Souza – Heron Cid
Bastidores

Temer associa Previdência à sucessão de 2018. Por Josias de Souza

4 de dezembro de 2017 às 10h08 Por Heron Cid
Temer após jantar com Rodrigo Maia (Foto: Folha de São Paulo)

Num instante em que seus aliados fogem da reforma da Previdência sob o argumento de que a proposta é um estorvo eleitoral, Michel Temer adotou uma pregação que vai na direção oposta. Em jantar com dez ministros e cerca de 20 deputados governistas, o presidente expôs a tese segundo a qual as mexidas previdenciárias funcionariam como um tônico capaz de energizar uma candidatura presidencial de centro.

Nessa versão, exposta por Temer na noite de domingo, na residência funcional do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a reforma da Previdência consolidaria o processo de soerguimento da economia. A consequência seria um PIB mais vistoso, com a restauração  do mercado de trabalho. E o efeito político seria a transformação do fim da recessão em votos para um presidenciável vinculado ao governo e sustentado por uma ampla coligação de legendas governistas.

Presente ao jantar, o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) ambiciona tornar-se o candidato do arranjo exposto pelo presidente. Ele aparece na mais recente pesquisa presidencial do Datafolha com apenas 1% das intenções de voto. Em privado, os ministros palacianos Eliseu Padilha e Moreira Franco disseminam a fantasia de que o próprio Temer, também com 1% na pesquisa, pode candidatar-se à reeleição, pois a bonança econômica dissolveria sua impopularidade.

Encrencados junto com Temer na segunda denúncia criminal que a Câmara congelou, Padilha e Moreira articulam em causa própria. Ambos ambicionam manter o escudo do foro privilegiado no governo a ser instalado em janeiro de 2019.

No meio da semana a plateia vai saber se a lábia de Temer surtiu efeito. Líderes dos partidos representados no repasto oferecido por Rodrigo Maia comprometeram-se a sondar suas bancadas novamente. Juntas, essas legendas somam algo como 320 votos. Mas não se dispõem a entregar, por ora, os 308 votos de que o Planalto necessita para desencalhar a proposta de emenda constitucional da reforma da Previdência, aprovando-a na Câmara. Os líderes ficaram de dar uma repostra até quarta ou quinta-feira.

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