Lula e Raquel Lyra: a civilidade no fim do túnel – Heron Cid
Opinião

Lula e Raquel Lyra: a civilidade no fim do túnel

23 de março de 2023 às 17h41 Por Heron Cid

Recife, capital pernambucana, viveu ontem dois episódios contrastantes. No Ginásio Geraldão, uma plateia inteira vaiou durante o discurso da governadora Raquel Lyra (PSDB).

A gestora foi ridicularizada pela turba radical pelo simples fato de ser – numa solenidade oficial transformada em comício – uma adversária do dono do palco, o presidente Lula.

O que deveria ser encarado pelo público como ato de civilidade política e distensão institucional serviu de combustível para a hostilização ideológica de gente menos avisada. Entre as quais, as que diziam nas eleições condenar o ódio.

Praticam o que criticam.

A governadora fez escola de diplomacia. Convidada, foi ao evento como autoridade revestida do voto popular. Não como militante ou adesista. Talvez seja essa a diferença incompreensível para quem não sabe distinguir uma coisa de outra.

Destemida, a pernambucana não se intimidou. Em meio às vaias, deu a volta por cima com classe, firmeza e conteúdo. Aos que lhe deram as costas, estendeu as mãos e conjugou grandeza política.

Se Raquel deu uma aula de desprendimento, o presidente Lula teve uma postura impecável, em Pernambuco. Do microfone, diferente do silêncio na Paraíba, o petista falou e teve a coragem de se solidarizar com a governadora hostilizada.

O presidente pediu respeito aos convidados e defendeu a capacidade de convivência com os contrários. “Quando vaiaram a governadora, vocês me vaiaram também”, censurou, em tom de indignação.

Lula e Raquel deram uma aula de civilidade. Conceito em franca extinção num Brasil em trevas tóxicas das paixões e idolatrias políticas. De Pernambuco acendeu uma luz no fim do túnel.

Comentários