A decisão de Romero: "sonho adiado" e pragmatismo antecipado – Heron Cid
Opinião

A decisão de Romero: “sonho adiado” e pragmatismo antecipado

15 de dezembro de 2021 às 12h25
Ex-prefeito bebe amargo da água que baldeou (Foto: Heron Cid)

O pragmatismo é uma característica tão presente na política paraibana quanto as pedras na caatinga nordestina. Esse traço junta periodicamente históricos adversários e separa aliados umbilicais. Tudo ao sabor do interesse da vez, da eleição próxima, do mandato possível.

Romero Rodrigues é uma das personas que sempre exerceu esse clássico pragmatismo nas suas decisões. No seu portfólio vitorioso, não constam escolhas de grandes riscos. É daqueles que calcula, mede, reflete e faz contas, antes de dar um passo.

Na sua mais nova escolha, Rodrigues não fugiu à regra. Diante do imponderável de uma eleição estadual com explícitas dificuldades de vitória, como parece 2022, e dos flertes domésticos de aliados com outras forças adversários no campo de Campina Grande, Romero optou pelo caminho menos pedregoso. O mandado de federal é mais palpável. Portanto, onde se lê sonho adiado”, expressão usada em sua carta-desistência, leia-se pragmatismo antecipado” à 2022.

E as especulações de vice na chapa de João Azevêdo? Ninguém é candidato a vice. Só é boa companhia de chapa quem tem o que entregar, o que somar e quem entra no jogo como vice já entra menor, condenado a ser preterido. Vice é escolha da undécima hora, fator surpresa ou carta para desequilíbrio de um pleito.

Não deve ser coincidência que o anúncio oficial do que já estava implícito aconteça dias antes do lançamento formal da candidatura do PSDB, personificada por Pedro Cunha Lima. Aí também parece estar claramente configurado um gesto de Romero ao seu grupo político. Como também na sua elegante carta de desistência que não explicitou nenhuma crítica direta, nenhum ataque.

No conteúdo, antecipado em primeira mão aqui neste MaisPB pelo Blog Wallison Bezerra, deixou a cena da candidatura ao governo com portas abertas para todos os lados. Dono do PSD, de quem tem aval e estímulo pela disputa à Câmara, o terreno está pronto para qualquer que seja sua decisão de composição. Fica no ar a impressão de que Romero até avançou no flerte com o governador, mas pode estar sutilmente entrando em processo de desaceleração.

Resta conferir até que ponto as feridas abertas pelos seus movimentos inequívocos na direção de João, inclusive com aliados ocupando cargos no Palácio da Redenção, serão encaradas e tratadas pelo seu grupo original. Grupo que costuma anotar e registrar tudo num infalível arquivo. Como a flecha lançada, há certas coisas que não voltam mais.

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