Eleição da OAB: um conselho aos advogados paraibanos – Heron Cid
Opinião

Eleição da OAB: um conselho aos advogados paraibanos

15 de outubro de 2021 às 13h09
Sede da OAB-PB, no centro de João Pessoa

Onde existe poder há disputa. E onde tem disputa há pessoas com seus instintos de sobrevivência e pendores de manipulação do jogo. Poder, disputa e pessoas – em toda sua humanidade – temperam o caldeirão da já deflagrada eleição da Ordem dos Advogados do Brasil, na Paraíba, espaço de considerável concentração de prestígio social.

A experiência recente dos pleitos para o comando da Ordem paraibana surpreende até quem não convive diretamente com esse microcosmo institucional. O histórico recente do nível das disputas naquela que pretende ser e é a grande guardiã constitucional, escudo do Estado de Direito, traem essa indelével essência.

Comum já se tornou verificar o baixo nível das acusações apócrifas, a fulanização do debate e a arma dos ataques subterrâneos para macular numa ponta e aferir votos noutra. E o mais grave em alguns casos: a mentira, a montagem, contemporaneamente batizada de fake news.

Se advogado fosse, antes de decidir em quem votar para o próximo triênio, criaria um manual de regras para escolher por eliminação. Seria de bom proveito um compliance – termo da moda – com marcos de cidadania e de dignidade humana, parâmetro das relações civilizadas, norte ético para qualquer corporação.

Ponto um. Não dá pra votar em quem inventa e ataca gratuitamente. Dois. Riscar da lista o candidato ou candidata que aspira ao cargo com o objetivo personalíssimo de florear o currículo advocatício e valorizar – no sentido numerário da palavra – a própria carreira.

Três. Eliminaria das opções, postulante que investe mais na desconstrução do adversário do que na própria formatação de propostas coletivas. Tiraria do caderno candidato (a) com ideias mirabolantes, soluções mágicas e projetos utópicos, sabidamente impraticáveis no mundo real.

Quatro. Deixaria de fora nomes movidos por desventuras, frustrações pessoais ou vinditas de ocasião, candidaturas terceirizadas e a serviço de ambições e estratégias de pequenos grupos empresariais. Ou aquelas cujo sentido de ser apenas mira uma catapulta para a eleição subsequente.

A maioria dos advogados ainda não sabe em quem votar entre Harrison Targino, Raoni Vita e Maria Cristina Santiago, o trio que deve ser oficializado nos próximos dias. Mas, com esses princípios, é possível traçar uma linha capaz de de ser útil na escolha de em quem não votar. Durante a eleição, a postura dos próprios candidatos se encarrega do resto.

Não é aceitável e não pode valer tudo na disputa de uma instituição do cabedal e da relevância social da OAB. A eleição passa e a imagem da Ordem fica. Esse compromisso e consciência são um bom começo. Para quem vai votar e para quem quer ser votado.

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