Falta Marília ir pra cima (por Magno Martins) – Heron Cid
Bastidores

Falta Marília ir pra cima (por Magno Martins)

26 de novembro de 2020 às 09h46 Por Heron Cid
Hans von Manteuffe | Agência O Globo

(Recife-PE) – Se os resultados do Ibope estão corretos, sendo confirmados amanhã pelo DataFolha, pode estar ocorrendo um fenômeno na eleição do Recife de segundo turno na reta final: a virada: Marília caindo de 45% para 41% enquanto João subindo de 39% para 43%, mesmo dentro da margem de erro. O levantamento aponta uma clara indicação de que o eleitorado sofreu forte impacto da campanha agressiva de João em contraste com a defensiva, quase passividade, da Marília.

Antes de qualquer consideração mais profunda é bom refrescar a memória dos eleitores do Recife: no primeiro turno, o Ibope cometeu os mais absurdos erros da sua história, que se repetiram na pesquisa boca de urna. Só em relação a Mendonça Filho, o mais prejudicado, o resultado merecia uma investigação. Deu uma diferença de 16 pontos de João para o democrata. Quando as urnas se abriram, a diferença real foi de apenas 4 pontos, um erro grosseiro de 12 pontos. Por isso, dá para desconfiar.

De qualquer forma, Marília tem que se ligar: candidatos que lamentam nas vésperas das eleições, sem antes ter ido à luta com determinação, estão condenados a vestirem seu próprio luto. Jamais se viu uma campanha tão pesada e violenta como a que está em curso por João Campos, mas Marília não aproveitou em nenhum momento as brechas abertas.

Tem sido muitas as vozes tentando convencê-la a apresentar legítima defesa, mas prefere acompanhar a visão de que o povo não quer agressões. Uma coisa é ser agredida e não reagir, outra deixar de sinalizar uma revolta de forma veemente contra os ataques. Ela teria que ter partido para cima do agressor como reação natural pelo que está sofrendo.

Escrevi, logo após o debate na TV-Jornal, que Marília perdeu a oportunidade de nocautear João, quando entrou em discussão a temática da corrupção, mas preferiu optar pela mais pura civilidade que, na verdade, aparenta medo e fragilidade para o eleitor. O resultado de hoje do DataFolha, que virá mais tarde, confirmará ou não se houve essa virada apontada pelo Ibope, instituto candidato ao troféu do horror na pesquisa de boca de urna no primeiro turno.

Em todo caso, praticamente todas as pessoas experientes em campanhas acirradas concordam que o posicionamento de Marília está errado. Ela não pode ficar passiva, enquanto João pratica as maiores barbaridades. Mesmo não sendo algo científico, senti em 100% dos eleitores de Marília com quem tenho conversado uma imensa frustração por esse comportamento. Segundo apurei, o tracking (pesquisa diária) da campanha de Marília está dando 10% de vantagem para ela.

Esperamos estarmos todos errados e Marília com seus marqueteiros se revelem certos no próximo domingo. Isso, entretanto, só o futuro dirá. O que posso adiantar, se esses números vierem a ser confirmados pelo Datafolha, é que a liberdade de eleições permite ao candidato a escolha do molho com o qual será devorado. Se Marília não reagir, o molho será amargo.

Ainda dá tempo de Marília concentrar suas últimas inserções no rádio e na televisão para provar quem é João, junto com gangues que estão promovendo essas ondas bárbaras da violência. Afinal, ela está pondo sua vitória em risco e não pode ficar vítima de equívocos mortais.

Blog do Magno Martins

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