Estado continua sem oposição (por Magno Martins) – Heron Cid
Bastidores

Estado continua sem oposição (por Magno Martins)

20 de julho de 2020 às 15h06
Jarbas Vasconcelos, Paulo Câmara e Geraldo Júlio

(Recife) – Há muito, não existe oposição em Pernambuco. Bons tempos aqueles em que Marcos Freire foi às ruas com “sem medo e sem ódio”, tentando levar a esquerda ao poder. Na verdade, o chamado partido único, dos deputados lagartixas, se instalou na era Eduardo Campos a partir do momento em que trouxe para o lado do seu balcão, eleito governador, o ex-governador e hoje senador Jarbas Vasconcelos, derrotado por ele e que deixou de cumprir o destino que as urnas a ele impuseram, jogado no balcão vigilante do contraponto ao Governo, que trocou em nome de um discurso de pacificação das forças estaduais.

De lá para cá, oposição virou sofisma, letra morta, tanto na Assembleia Legislativa quanto na bancada federal, em Brasília. Até a Câmara do Recife, sob o regime socialista, exercita o discurso do “sim, senhor”. Quer o exemplo mais recente de que não existe oposição? Ao longo da semana que passou, este blog reverberou a insatisfação do povo pernambucano com o estado precário e de abandono das estradas estaduais. Do litoral ao Sertão, a malha viária do Estado virou pó. No lugar do pavimento, uma buraqueira infernal.

Até estradas por onde flui o intenso tráfego de turistas, uma média de um milhão por mês, como Porto de Galinhas, viraram o cartão mais vergonhoso das boas-vindas aos que visitam o Estado em busca de relaxe, prazer, curtição e tranquilidade. É o caso, por exemplo, da Estrada de Muro Alto. Segundo o blog apurou, o Estado investiu R$ 1,7 milhão nas obras de pavimentação de um trecho de apenas três quilômetros, há menos de um ano, e a via já está intransitável, tábua de pirulito.

Neste blog, por iniciativa dos leitores, foram postados mais de 20 vídeos ao longo da semana, mostrando o caos que tomou conta das estradas no Sertão, Agreste, Zona da Mata e Litoral. E os deputados, votados nesses municípios, como reagiram? Adotaram a lei do silêncio para não contrariar o Governo, julgado por eles como ótimo, mas que as últimas pesquisas apontaram a realidade: Paulo Câmara já aparece, hoje, com percentuais de desaprovação maiores do que o presidente Jair Bolsonaro.

Triste de um Estado que a voz de oposição emudece na hora em que o povo mais precisa. Estrada é uma necessidade tão premente para quem mora longe da capital como a saúde e a educação. É um bem público, um equipamento de primeira necessidade. Mal tratado, como se encontra, é um risco à vida de qualquer cidadão. Quantas almas já não foram chamadas à eternidade precocemente por irresponsabilidade do Governo com as estradas?

Não existem políticas públicas de segurança eficazes sem estradas de qualidade. Mais importante neste ano eleitoral em curso é que a população desperte de que a melhor política é a conscientização popular. Em período político, a maioria dos candidatos possui na ponta da língua a solução para todos os problemas. E assim será eternamente! Essa é a isca mais antiga da humanidade. Falar o que os outros querem ouvir, sem pretensão alguma de pôr em prática.

Andarilho pelo ofício da profissão, só me resta tomar as dores de todos os pernambucanos injuriados com essas estradas esburacadas e com a ausência de quem os defenda e bata nesse governo sem compromisso com o social. Na verdade, esse é um Governo com palavras que saem da boca de verme, contraditório, sem moral e ética política, estúpido. Acha que todos são ignorantes. Ignora que essa é a verdadeira face de gestão podre, que só sabe fazer politicagem da mais baixa espécie possível.

Blog do Magno

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