Vem por aí o Ministério do Grampo (por Ricardo Noblat) – Heron Cid
Bastidores

Vem por aí o Ministério do Grampo (por Ricardo Noblat)

13 de julho de 2020 às 12h45
Esplanada dos Ministérios, em Brasília Governo do Brasil/Divulgação

Está para nascer um novo ministério, e logo no governo do presidente da República que prometera enxugar a máquina pública. Naturalmente não se chamará Ministério do Grampo como extraoficialmente começa a ser chamado pelos que assistem de perto ao processo de parto que já começou.

Deverá chamar-se Ministério da Segurança Pública, como no passado. Foi criado pelo então presidente Michel Temer assim que ele decretou a intervenção militar no aparelho de segurança do Rio devido a mais um surto de violência urbana. Fundiu-se com o Ministério da Justiça por exigência do ex-juiz Sérgio Moro.

Pois do Ministério da Justiça será tirado para agradar à bancada da bala, um grupo de deputados federais evangélicos do Centrão que cobra a providência desde que Bolsonaro tomou posse. Mas não só por isso. O novo ministério agradará também aos policiais militares e bombeiros que votaram em peso em Bolsonaro.

E ao próprio Bolsonaro, fissurado em informações sigilosas sem as quais, segundo ele, é impossível governar. PMs e bombeiros formam um contingente de 470 mil homens que votaram em peso no presidente e a ele são leais. É mais do que o contingente de homens das Forças Armadas – Exército, Marinha e Aeronáutica.

“Quem fez a campanha (para eleger Bolsonaro) foram os PMs e bombeiros. Na hora de virar chefe, viraram (ministros) os comandantes das Forças Armadas”, disse o líder do PSL no Senado, Major Olimpio (SP), em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Já passou da hora de Bolsonaro retribuir a ajuda.

É fato que as PMs são representadas no governo por um major da reserva, Jorge Oliveira, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, e ao menos 44 oficiais que ocupam cargos de confiança nos demais escalações da administração federal. Mas os representantes das Forças Armadas são em número muito maior.

O nome mais cotado para ministro da Segurança Pública é o do ex-deputado Alberto Fraga (DEM-DF), amigo há mais de 20 anos de Bolsonaro, e que costuma reunir-se com ele em quase todos os fins de semana. Ocorre que os ministros militares não gostam de Fraga justamente por causa de sua intimidade com o presidente.

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Se o novo ministério de fato vier à luz, é possível que abrigue, entre outros órgãos, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal que o ministro André Mendonça, da Justiça, não gostaria de perder. Ele se empenha por mantê-las sob seu comando. Receia que a transferência, na prática, esvazie o seu ministério.

Um ministério para cuidar da segurança pública traria outra vantagem para Bolsonaro: acesso às informações do serviço secreto das PMs. Agência Brasileira de Inteligência + Polícia Federal + Polícia Rodoviária Federal + PMs, seria informação direta na veia e um aparelho formidável de intimidação.

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