A paga da praga (por Dora Kramer) – Heron Cid
Bastidores

A paga da praga (por Dora Kramer)

13 de maio de 2020 às 11h19 Por Heron Cid
Prédio do STF refletido nos espelhos do salão nobre do Palácio do Planalto, do outro lado da praça dos Três Poderes - Pedro Ladeira - 2.out.18/Folhapress

Sempre pronto para ignorar as evidências quando lhes são desfavoráveis, o presidente provavelmente vai menosprezar publicamente os números da pesquisa CNT/MDA divulgada nesta terça 12 que mostram um aumento significativo da avaliação negativa do governo em geral e de sua conduta em particular.

Nas internas do Planalto, no entanto, o sentimento não é de indiferença nem de menosprezo e sim de preocupação e alerta para a necessidade de Jair Bolsonaro fazer um ajuste de conduta. Afinal, são mais de 12 pontos porcentuais (de 31% para 43,4%) de acréscimo na avaliação negativa do governo e outros oito pontos (de 47% para 55,4%) de aumento na rejeição ao desempenho pessoal do presidente.

Isso em quatro meses na comparação entre a pesquisa de agora e a anterior, feita em janeiro. O que aconteceu nesse período? A crise sanitária, as demissões de Henrique Mandetta e Sergio Moro, realização de atos agressivos às instituições, a atitude do presidente no descumprimento às recomendações da ciência para o combate ao novo coronavírus e a insistência de Bolsonaro em alimentar conflito atrás de conflito.

A maioria, senão todos, dos embates dispensáveis. O mais recente criado com a assinatura do decreto ampliando a lista de atividades essenciais para permitir inclusive o funcionamento de academias de ginastica e salões de cabeleireiros.

O presidente inverte a ordem dos fatores quando acusa os governadores que se recusam a cumprir a ordem de estarem em posição de afronta ao estado de direito. Na verdade, foi ele quem agrediu a legalidade quando assinou um decreto ignorando o preceito constitucional da federação, base da decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a autonomia de estados e municípios para decisões relativas ao enfrentamento da pandemia da covid-19.

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