Bolsonaro no toma-lá-da-cá (por Magno Martins) – Heron Cid
Bastidores

Bolsonaro no toma-lá-da-cá (por Magno Martins)

25 de abril de 2019 às 09h55 Por Heron Cid
Jair Bolsonaro participa de cerimônia de posse do novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira/Folhapress

No mesmo dia em que aprovou a constitucionalidade da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, o Governo ficou exposto e em maus lençóis com o vazamento da notícia de que já existe um acordo entre o presidente Bolsonaro e sua bancada de sustentação na Casa, mediante o qual cada deputado que votar favorável será contemplado com emendas de até R$ 40 milhões.

O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), ofereceu destinar o valor em emendas parlamentares até 2022. Segundo o jornal Folha de São Paulo, a proposta aos parlamentares foi feita por Onyx na casa de Rodrigo Maia, presidente da Câmara, em negociação que ajudou a garantir a aprovação de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/19 na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a primeira etapa da tramitação da reforma da Previdência apresentada pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL).

Hoje, os congressistas têm direito a R$ 15,4 milhões em emendas parlamentares, e, com os R$ 10 milhões acrescidos a cada ano (até 2022, R$ 40 milhões), o valor se aproximaria de R$ 100 milhões por parlamentar até 2022. Por ano, cada deputado passaria a ter cerca de R$ 25 milhões em emendas. A estratégia representaria um acréscimo de 65% no valor que cada representante pode manejar no Orçamento federal de 2019 para obras e investimentos na infraestrutura, que têm foco nos redutos eleitorais de cada deputado federal.

O ministro não detalhou a fonte do recurso, mas há uma indicação de que o valor extra viria de rubricas de fora do volume reservado para as emendas. Os deputados têm direito a emendas impositivas. Em caso de aprovação da PEC do Orçamento impositivo, os recursos de bancada também passarão a ser de execução obrigatória a partir de 2020. O projeto está em tramitação no Congresso. O valor proposto por Onyx não teria relação direta com isso. Não há, segundo técnicos, a previsão legal de “emendas extraorçamentárias”, mas a prática é recorrente entre políticos.

Essa negociação esdrúxula põe abaixo o discurso de independência do presidente Bolsonaro, que chegou a dizer certa vez que não iria repetir os erros dos seus antecessores para não ir jogar dominó com Lula na cadeia. Se esse toma-lá-dá-cá, sinalizado pelo ministro da Casa Civil, for levado a efeito, comprovará que o Congresso só funciona na base das execráveis práticas fisiológicas.

Comissão especial –  Aprovado na CCJ, o texto da nova Previdência segue agora para a comissão especial, que avalia o conteúdo da proposta e deve ‘desidratar’ alguns pontos do texto para obter os votos necessários. O governo se mostra aberto a negociar, apesar da dificuldade na articulação e a exigência de que a base da reforma não seja alterada. Para o ministro da Economia, Paulo Guedes, a economia projetada para o período de dez anos não pode estar longe de R$ 1 trilhão. Na Câmara, há pressão para que o sigilo dos dados da proposta seja quebrado e se conheçam detalhes do conteúdo da PEC.

Não largou o osso – A vice-prefeita de Camaragibe, Nadegi Queiroz (PSDC), rompeu com o prefeito Demóstenes Meira (PTB) logo no início da gestão acusada de fazer licitações viciadas na Secretaria de Saúde, pasta que acumulou. A briga foi feia, mas Nadegi ao invés de entregar todos os cargos e debandar para a oposição, de olho numa candidatura natural a prefeita em 2020, manteve os apaniguados e silenciou, apostando no afastamento do prefeito para assumir e no exercício do mandato disputar a reeleição.

Perfil de Osvaldo – Muito concorrido em Brasília, ontem, o lançamento do Perfil Parlamentar do ex-deputado Osvaldo Coelho (DEM). Além de praticamente toda bancada federal do Estado estava presente o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM). Para o senador Jarbas Vasconcelos (MDB), Osvaldo exerceu com dignidade e elevado espírito públicos todos os seus oito mandatos no Congresso. “É uma leitura obrigatória para mim e para todos os que escolheram a política como forma de ajudar o País e os que mais precisam. A história e a luta de Osvaldo em favor principalmente do povo sertanejam seguem de inspiração para todos nós”, afirmou.

Sem comemorações – Em entrevista ontem ao Frente a Frente, programa que ancoro pela Rede Nordeste de Rádio, tendo como cabeça de rede a Rádio Folha 96,7 FM, o senador Humberto Costa (PT), fiel escudeiro de Lula, disse que não houve comemorações na redução da pena do ex-presidente no STJ, porque o objetivo do petista é ser inocentado. Segundo ele, os advogados defesa já estão recorrendo ao Supremo Tribunal Federal para derrubar a decisão do STJ. “Não há provas, Lula é um preso político”, afirmou. Sobre o aceno de Bolsonaro para liberar R$ 40 milhões em emendas aos deputados da base, o senador disse não se surpreender. “Bolsonaro é adepto do fisiologismo”, afirmou.

Votos da bancada – A reforma da Previdência foi aprovada pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados – que considera a constitucionalidade do projeto – na primeira das três votações naquela Casa. A bancada pernambucana esteve dividida na votação, com três votos “sim” (pela admissibilidade) e dois votos “não”, contra a aprovação do projeto. Votaram a favor Augusto Coutinho (SD) e Pastor Eurico (PATRI). Já Renildo Calheiros (PCdoB), Danilo Cabral (PSB) e João Campos (PSB) votaram contra.

Disputa em Ipojuca – A disputa eleitoral em Ipojuca já está acirrada. A prefeita Célia Sales (PTB) é favorita a reeleição em 2020. Ela emplacou o filho como deputado estadual, Romero Sales Filho, também do PTB, com uma expressiva votação na cidade e tem tudo para novamente derrotar seus adversários no ano que vem, porque a sua gestão possui resultados efetivos para apresentar aos ipojucanos. Mas a cidade é dividida na política que nem time de futebol: Os Sales x Os Santana x Os Serafim (em menor proporção). Simone Santana, do PSB, pode entrar para concorrer também. Tem ainda Carlos Santana, do PSDB, Pedro Serafim, do PDT, e Débora Serafim, do PR.

CURTAS

LANÇAMENTO – O cientista político e professor da UFPE, Adriano Oliveira, lança na 5ª hoje, o livro “Qual foi a influência da Lava Jato no comportamento do eleitor? Do lulismo ao bolsonarismo”. A noite de autógrafos será na Livraria Jaqueira. Oliveira elenca pesquisas de opinião, argumentos teóricos e interpretação de eventos e dados para elaborar uma teoria de como a Lava Jato construiu, no período de 2015 a 2018, uma “opinião pública contrária ao petismo e ao lulismo“.

SEMIÁRIDO – Sob a coordenação do deputado pernambucano de primeiro mandato Carlos Veras (PT), foi instalada, ontem, em Brasília, a Frente Parlamentar em Defesa do Semiárido, voltada para o debate das questões mais urgentes e prioritárias da região. “A nossa missão será cobrar do governo Bolsonaro investimentos nas políticas de convivência com o semiárido. A maior demanda é o acesso à água para consumo e produção de alimentos, questão básica para a condição humana”, disse Veras.

DEFICIÊNCIA– Recife recebe oficina de comunicação para discutir formas de abordagem e representação da pessoa com deficiência na imprensa. A formação, destinada a profissionais da comunicação, traz dicas e recomendações sobre como pautar questões de acessibilidade e inclusão em diversos tipos de mídia. A atividade acontecerá no Recife, no dia 29 de abril, no Instituto de Cegos, das 08:30 as 12:30 h.

Perguntar não ofende: Quem vai relatar a reforma da Previdência na Comissão Especial?

Blog do Magno (Pernambuco)

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