Lula pediu o que tinha direito. Por mês, entre 2014 e 2016, presídios federais e estaduais expediram algo como 12,8 mil autorizações semelhantes ao pedido feito por Lula, segundo O Estado de S. Paulo. Saídas temporárias não só para velórios, mas também para assistência a parentes gravemente enfermos.
Os devotos de Lula insistem com a farsa de que ele é um preso político, não um político preso. E que foi condenado só para que se evitasse o risco de ele se reeleger presidente. A lambança compartilhada por todas as instâncias da justiça reforça a impressão de que Lula, de fato, não é um preso comum.
Nas últimas 48 horas, o pedido de Lula mobilizou o Ministério da Justiça com o comando de Sérgio Moro, a Polícia Federal, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a primeira instância da justiça em Curitiba, a segunda em Porto Alegre e, por fim, a última, o Supremo Tribunal Federal, em Brasília.
Todos os órgãos e juízes que se pronunciaram foram contrários à saída de Lula para o velório, alegando riscos para ele, para os agentes que o escoltassem e até para a estabilidade política do país. Falou-se que ele poderia ser vítima de um atentado. Ou então que poderia tentar fugir. Ridículo!
O desfecho da encenação de mau gosto teve a digital do ministro Dias Toffoli, presidente da Suprema Corte. A quatro minutos do enterro do corpo de Vavá, Toffoli acatou o pedido de Lula desde que… Desde que o velório ou o encontro de Lula com seus familiares ocorresse dentro de um quartel.
Que preso é esse a quem se subtrai o que se concede aos outros? Que Estado é esse que não tem condições de garantir a segurança de um presidiário e o seu deslocamento para um velório? Que Justiça é essa que dá com uma mão o que lhe pedem e que toma com a outra o que havia concedido?
Era intenção de Toffoli, confessada por ele mais de uma vez, retirar a justiça da boca do palco da política. Ela continua lá, e fazendo um papel feio.