Receita para que um boato vire notícia. Por Ricardo Noblat – Heron Cid
Bastidores

Receita para que um boato vire notícia. Por Ricardo Noblat

8 de agosto de 2018 às 09h34
O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, ao lado do então secretário de Transportes Laurence Casagrande, entrega último lote da duplicação da Rodovia Luiz de Queiroz (Gilberto Marques/Governo de SP/Divulgação)

Invente uma história que possa parecer verossímil. Depois faça com que ela circule entre operadores do mercado financeiro. Se a eles a história parecer possível, o movimento da Bolsa de Valores será afetado. Depois procure o alvo principal da história. Obrigue-o a dizer alguma coisa a respeito. E pronto. O boato vira notícia.

Foi o que aconteceu ontem com a história de que Laurence Casagrande Lourenço, ex-secretário do governo de Geraldo Alckmin, investigado e preso por suspeita de fraudes em obras da Rodoanel Trecho Norte, teria delatado o candidato do PSDB à presidência da República.

A Bolsa de Valores de São Paulo fechou em baixa de 1%. Procurada, a defesa de Casagrande Lourenço negou que seu cliente tivesse delatado ou pensasse em delatar. Perguntado por repórteres se temia a delação, Alckmin negou três vezes. Foi o que bastou: “Alckmin diz não temer delação de ex-secretário”.

Àquela altura, nem seria preciso que Alckmin dissesse alguma coisa. Se nada dissesse, haveria notícia de qualquer jeito: “Alckmin silencia sobre suposta delação que o atinge”.

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