Alckmin jogou água no chope de Ciro. Por Bernardo Mello Franco – Heron Cid
Bastidores

Alckmin jogou água no chope de Ciro. Por Bernardo Mello Franco

20 de julho de 2018 às 11h15 Por Heron Cid

Geraldo Alckmin jogou água no chope de Ciro Gomes. O pedetista abre hoje a temporada das convenções partidárias. Ontem à noite, o tucano estragou os preparativos da festa. Ele venceu a disputa pelo apoio do centrão na corrida presidencial.

Alckmin estava desacreditado. Desde o início do ano, ele sofre para convencer aliados, empresários e eleitores de que não será um peso morto na eleição. O acordo tem potencial para ressuscitá-lo.

Ao fechar negócio com o centrão, o tucano garantiu um latifúndio no horário eleitoral. Ele poderá chegar a seis minutos a cada bloco de propaganda em rádio e TV. Agora Ciro é quem terá que se mexer para não sumir do radar do eleitor.

Até aqui, Alckmin só colecionava más notícias na pré-campanha. Ele foi sabotado pelo aliado João Doria e viu parte do eleitorado cativo do PSDB migrar para a candidatura de Jair Bolsonaro.

O tucano aparece em quarto lugar no Datafolha, com apenas 7% das intenções e voto. É um desempenho sofrível para quem já foi candidato ao Palácio do Planalto e governou por quatro vezes o estado mais poderoso do país.

Apesar de investir no discurso ético, o presidenciável pediu socorro a símbolos do que diz combater. Ele costurou o acordo do centrão com o ex-deputado Valdemar Costa Neto, o poderoso chefão do PR. Alguns dias antes, selou aliança com Roberto Jefferson, dono do PTB.

É uma estratégia curiosa. Na eleição de 2006, Alckmin apostou tudo na indignação do eleitorado com o mensalão do PT. Agora ele se alia a dois caciques que foram presos e condenados por corrupção no mesmo escândalo.

O acordo com o centrão também reforça o vínculo do candidato do PSDB com o governo Temer, do qual ele tentava se distanciar. Agora o tucano terá em seu palanque a maior parte da base aliada no Congresso. Não será surpresa se o MDB desistir de Henrique Meirelles para apoiá-lo.

O tempo de TV deve impulsionar Alckmin, mas não é garantia absoluta de sucesso na eleição. Em 1989, Ulysses Guimarães e Aureliano Chaves tiveram as maiores fatias da propaganda na TV. Um terminou a disputa em sétimo lugar. O outro, em nono. E naquele tempo não havia celular, WhatsApp ou Facebook.

Folha

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