Bruno Covas e o que não pode morrer – Heron Cid
Opinião

Bruno Covas e o que não pode morrer

16 de maio de 2021 às 22h36

Pelos malfeitos de muitos, pela radicalização de outros tantos, a crença na política todo dia morre um pouco. Essa mortandade desencoraja os bons e fossiliza terrenos para os maus.

A política consequente, inspirada na medida universal do bom senso, rareia. A disposição para o debate e capacidade de convivência com o contraditório, onde o argumento é a arma do convencimento e o ódio não é o munição do combate, anda em extinção.

Bruno Covas, prefeito da maior cidade do Brasil, já não vive mais entre seus pares de ofício. Mas, na breve vida e efêmera carreira, o jovem gestor ofertou importantes gestos para uma geração que testemunha o extremismo como método. E para as futuras, também.

A lição de que é tão possível quando necessário fazer política e servir na vida pública pela via da democracia, do diálogo e da civilidade. Civilidade, palavra fora da “moda do insulto”.

Sem pretensão, o prefeito paulistano ensinou que a política pode ser a arte de erguer pontes, corrigir caminhos e que o outro – por mais diferente que seja – não é o inimigo. O inimigo é o problema, a ideia ou a ação equivocada, a trava que separa intenção de solução. O juiz – em última instância – é o eleitor.

São valores e princípios vitais que separam os democratas – os de convicção daqueles de ocasião. Essa consciência crítica precisa viver em nossas células com força e nutriente capazes de extirpar qualquer câncer – de qualquer gene ideológica – que ameace a saúde da democracia civilizada. Ainda que ela esteja, como agora, respirando por aparelhos.

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