Campanha de rua em plena pandemia: afronta ou crime? – Heron Cid
Opinião

Campanha de rua em plena pandemia: afronta ou crime?

5 de outubro de 2020 às 10h09 Por Heron Cid
Atos de campanha nas ruas desrespeitam protocolos sanitários e pisam em cima de milhares de mortos (Foto: ALEXANDRE BRUM/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO)

Beiram a insanidade, ou a desfarçatez (?), os atos de campanha nas ruas do Brasil afora, em pleno processo de pandemia ainda em curso.

Aqui neste canal, vou ser repetitivo, redundante se preciso, no chamamento da atenção para essa irresponsabilidade quase generalizada, organizada e que conta com certa e deliberada omissão.

Movimentos com aglomerações, sem qualquer controle das autoridades sanitárias ou da Justiça Eleitoral, são a maior contradição da nossa história desde quando Cabral aportou suas caravelas em terras brasileiras.

Atentem que até a Constituição Federal do Brasil foi alterada, como bem lembrou o jornalista Laerte Cerqueira, pela condição sui generis imposta pela doença.

Por força dessas circunstâncias, o Congresso Nacional extraordinariamente mudou a data do primeiro turno para longe do pico da covid-19. Não para agora poder tudo, mas tão somente para que até lá o eleitor fosse à urna, no dia da eleição, com segurança mínima e obedecendo as regras anti-contágio.

Na retomada econômica, existe protocolo até para espetinho funcionar. Em empresas e órgãos públicos  há obrigação do uso da máscara, regras de distanciamento e de funcionamento a serem seguidas à risca.

Eventos em casas de shows estão vetados e até condomínio residencial proíbe churrasqueira, agenda horário de piscina e impõe número máximo de convidados para festas em seus salões.

E para fazer campanha de rua qual é o protocolo seguro? Nenhum, simplesmente porque não existe. Quem fiscaliza? Ninguém. Os atos políticos com muita gente ocorrem enquanto as cidades mantêm decretos de distanciamento e proibições de aglomerações.

Um escárnio, um deboche, uma piada de muito mau gosto.

Até quando a Justiça Eleitoral ainda vai debater o óbvio e colocar nas mãos de candidatos o que deve ser regido pelas orientações sanitárias, pela Lei, e coerência que são cobradas do cidadão, de empresários e instituições?

O TSE, que a cada dois anos faz uma nova resolução com inovações que mudam as regras do jogo, só dessa vez ficará inerte e silente diante da eleição mais atípica da história, sem expedir nenhum disciplinamento ou proibição?

Somente a eleição, os partidos e as coligações estão acima da pandemia e da vida?

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