O TSE deu uma mãozinha a Pezão. Por Bernardo Mello Franco – Heron Cid
Bastidores

O TSE deu uma mãozinha a Pezão. Por Bernardo Mello Franco

29 de abril de 2018 às 12h34
Luiz Fernando Pezão (Foto: Ailton Freitas)

O governador Luiz Fernando Pezão foi fritado pela Lava-Jato, esconjurado pelos servidores e humilhado pela intervenção federal. Sua situação ainda poderia ser muito pior. Ele sobrevive no cargo graças à letargia do Ministério Público e do Tribunal Superior Eleitoral.

Em fevereiro de 2017, o TRE do Rio cassou o peemedebista e o vice, Francisco Dornelles. A Corte entendeu que os dois tiveram a campanha financiada por fraudes. Eles foram condenados à perda do mandato e à inelegibilidade por oito anos.

O processo começou antes da eleição de 2014, quando o PSOL notou que os patrocinadores de Pezão haviam sido premiados com isenções fiscais. As empresas deixavam de pagar impostos e retribuíam a generosidade com contribuições à chapa oficial.

Em outra modalidade de abuso, o governador passou o pires entre grandes fornecedores do Estado. “Restou comprovado que contratos administrativos milionários foram celebrados em troca de doação de campanha”, constatou o desembargador eleitoral Marco Couto.

Pezão e Dornelles recorreram ao TSE e suspenderam os efeitos da condenação. O processo adormece em Brasília há quase um ano, sem prazo para ser julgado. Em agosto, o Ministério Público Eleitoral pediu vista e enfiou os papéis numa gaveta. O ministro Jorge Mussi assumiu a relatoria do caso em outubro, e nunca se manifestou nos autos.

A inércia deixou o Rio à deriva, com um governador que não governa e se agarra à cadeira para manter o foro privilegiado. Na última semana, dois delatores o acusaram de receber mesada de R$ 150 mil, com direito a bônus e “décimo terceiro”. O herdeiro de Sérgio Cabral diz que é tudo mentira, e continua a vagar como um fantasma pelo Palácio Guanabara.

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Agildo Ribeiro vai deixar saudades. No mês passado, ele disse ao GLOBO que os humoristas brasileiros tinham um problema: “A situação chegou a tal ponto que quem era nosso alvo acaba pegando nosso lugar. Já viu os ministros do STF na TV, com aquela vaidade toda? É ou não é uma piada?”

O Globo

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