Opinião: Campina é grande e não aceita posturas pequenas – Heron Cid
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Opinião: Campina é grande e não aceita posturas pequenas

3 de janeiro de 2024 às 20h08
Monumento aos Tropeiros da Borborema; símbolo da imagem superlativa de Campina Grande

O senador Marco Maciel certa vez disse que na política e no interesse público deve-se buscar sempre, entre o que separa, aquilo que pode unir. “Porque, se queremos viver juntos na divergência, que é o princípio vital da democracia, estamos condenados a nos entender”.

A falta de entendimento entre a Câmara Municipal e o Poder Executivo deixou Campina Grande, município de 400 mil habitantes, sem orçamento público para chamar de seu. Um momento paroxístico, para usar uma expressão celebrizada no vocabulário nacional pelo senador Veneziano Vital (MDB).

O impasse travou a cidade, em matéria de gastos públicos. De um lado, os vereadores querendo garantir a implantação das chamadas emendas impositivas, dispositivo aprovado na reta final do período legislativo e uma conquista de muitas câmaras e assembleias país afora.

Do outro, a alegação de dificuldade por parte da gestão municipal de adaptar o orçamento à nova regra decidida pelo Legislativo. Conforme estabelecido por lei, 1,2% da receita está reservada para emendas parlamentares destinadas à instituições e obras.

A articulação política do prefeito Bruno Cunha Lima se revela inábil e com baixa capacidade de superar divergências e produzir consensos. Frise-se, para começo de conversa: cumprir as emendas não é mais questão de opção, mas de obrigação legal.

Para não honrar, Bruno só tem dois caminhos; questionar na Justiça a legalidade das emendas, o que não se revela crível, ou convencer os vereadores de uma implantação gradativa. E só se convence com humildade, pedindo, argumentando, apelando, jamais tratorando, desqualificando, ameaçando ou impondo.

O problema está posto e recomenda flexibilidade democrática e responsabilidade social das duas extremidades do conflito. Até porque essa é uma disputa que, se não houver pacificação, só tem um perdedor, a cidade.

Nesse sentido e por Campina Grande, Bruno e vereadores estão condenados a se entender, como receitou Marco Maciel no passado. Um pacto reciprocamente republicano, sem barganha eleitoreira de um lado e sem autoritarismo do outro.

Campina é grande e não merece atitudes pequenas.

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