A bandeira de Nonato – Heron Cid
Opinião

A bandeira de Nonato

20 de agosto de 2023 às 22h11
Jornalista e secretário de Comunicação, Nonato Bandeira (Foto: Walla Santos/ClickPB)

Conheço Nonato Bandeira, o aniversariante deste 20 de agosto, antes de conhecê-lo em pessoa. Como ouvinte, contemplava o conteúdo o programa Correio Debate, sem saber direito que a produção daquela fase áurea do programa era resultado de sua verve jornalística e espírito de liderança de equipe.

Ainda estudante de Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba, passei a ouvir o comentarista de análise equilibrada e de percepção aguçada nas vibrantes jornadas esportivas da Rádio Correio 98 FM, de João Pessoa.

Já graduado e repórter do mesmo Correio Debate que revelou seu faro político, aprendi a observar o gestor de comunicação na Prefeitura da Capital. No cargo, Bandeira coordenou a transição para efetiva profissionalização da SecomJP. Muito do que se tem hoje aqui como padrão de comunicação institucional começou na sua cabeça.

Mais tarde, apresentador de rádio, TV, colunista político e dono de portal, passei a desfrutar da convivência e aprendizado com o homem de estratégia política e executivo da Comunicação do Estado. Combativo nas crises, assertivo na construção da imagem, diplomático e incisivo nas relações e recíproco nas parcerias.

Vi de perto, com direito a testemunhos oculares, sua coragem e desprendimento ao decidir, sem olhar para trás e contrariando tudo e todos, renunciar ao cobiçado posto de primeiro ministro de um jovem governo e de um ascendente projeto, em nome do auto respeito e em defesa da dignidade própria.

De lá pra cá, testemunhei o que ao primeiro momento pareciam quedas e, logo em seguida, se transformaram em ressurreições apoteóticas. Sempre se reinventando com paciência, humildade, serenidade e um talento nato de ver o que raros enxergam. E de, sim, ler o futuro com precisão profética.

Bandeira tem feeling e capacidade singular de identificar, prospectar e formar quadros. Foi assim nas redações por onde passou, nos cargos que ocupou ou na direção partidária. Poucos sabem, mas minha candidatura a deputado federal, em 2022, foi siamesa à sua visão de alcance e parto de suas lúcidas provocações. Ainda honrou-me com seu qualificado voto pessoal e generoso pedidos a amigos que o seguem.

Se está onde está, se chegou onde chegou, é porque nunca teve medo de riscos e nunca vacilou no que acredita. Ainda que precise nadar contra a maré ou navegar em bravias tempestades. A vitória na disputa pelo comando do PPS, atual Cidadania, derrotando, à época, imponente estrutura de governo, é prova ilustrativa. Não única. Essa vocação vem desde quando, bem jovem, conquistou a presidência da API, território de veteranos.

O terreno eleitoral lhe deu o lastro de vice-prefeito da capital. Mas até quando perdeu (estadual e federal), ganhou. Não só pela qualidade e conteúdo da mensagem das candidaturas, mas porque soube se conduzir, sem perder-se de si mesmo numa selva onde vale quase tudo. Exemplo de que derrota ou vitória não se mede pelo tamanho, mas pela largura. O que nunca se pode perder mesmo é o conceito.

Na última eleição, viveu talvez seu grande desafio. No ringue de múltiplos adversários, contribuiu diretamente na reposição de baixas, na delicada costura da aliança entre forças progressistas e projetos conservadores e na reversão da onda desfavorável. Pilotou – na dose certa e possível – o voo da comunicação que ajudou a renovar o mandato do governador João Azevêdo, frente a inusitado, contraditório e poderoso consórcio político.

Sem levantar a voz e sem baixar a guarda, Nonato é uma bandeira hasteada à luta. Decididamente, um homem de front. Quem o tem como aliado nas batalhas sabe muito bem disso. Quem o tem como adversário na guerra sabe muito mais.

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