Análise: o alerta de Galdino a João – Heron Cid
Opinião

Análise: o alerta de Galdino a João

19 de maio de 2023 às 13h15
Adriano Galdino aconselha João ao pragmatismo e governador precisa consolidar conceitos e diferenciais

Adriano Galdino (Republicanos) não é dado a arrodeios. E nem a subterfúgios. Diz o que pensa, até quando desagrada. Desse jeito, chegou ao comando ininterrupto da Presidência da Assembleia, um disputadíssimo espaço de poder.

No seu jeito Galdino de ser tascou esses dias um conselho ao governador. Na verdade, com tom de alerta sobre o futuro político de João Azevêdo (PSB).

Na análise fria e pragmática de Adriano, João tem que ter um partido para chamar de seu, com comando, controle total e irrestrito. O que só seria possível, na visão do deputado, na presidência da sigla na qual é filiado. Ou, do contrário, fora dele.

Decerto, Galdino, figura externa ao PSB, está fazendo esforço de imaginação e enxergando o iminente cenário confuso de 2026, na hipótese presumida e real de Azevêdo deixar o governo em abril para concorrer ao Senado.

Nesse ponto, a luz amarela tem sentido. Ainda que João seja favorito natural, a eleição tende a ser a mais concorrida dos últimos tempos, com Daniella Ribeiro (PP) e Veneziano Vital buscando reeleição e Hugo Motta (Republicanos) determinado a também ser candidato. Só que o pós-abril pode ditar e mudar muita coisa no curso do processo.

Mas no encaminhamento de deixar o PSB, a fala de Galdino extrapola. João não precisa de outro partido e nem necessariamente comandá-lo, diretamente. O que o governador necessita, e aí não há a menor dúvida, é que o partido do governador seja forte. E isso não se reduz a ter número de prefeitos e deputados, o beabá mais antigo do caciquismo paraibano.

Ajuda muito ao governador a consolidação de um PSB renovado, conceitualmente falando, com quadros, vozes e ideias capazes de referenciar um modelo diferenciado de fazer política e de ser partido. Uma legenda viva, plural e orgânica, internamente crítica, e em pleno movimento externo no diálogo com as bases sociais, com os segmentos diversos.

Que ouça um ambientalista com a mesma atenção que escuta um deputado ou grande empresário, que reconheça um militante identificado com seu estilo de gestão e política da mesma forma como prestigia um prefeito. Que valorize contribuições e reflexões tanto quanto votos.

João não carece repetir a fórmula cartorial para ter o seu próprio MDB, o seu União Brasil, o seu Republicanos ou o seu PP. Ele precisa exatamente que o seu PSB seja diferente de todos esses. Na embalagem, no conteúdo e na prática.

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