Análise: Bruno pediu um empréstimo, a oposição deu muito mais – Heron Cid
Opinião

Análise: Bruno pediu um empréstimo, a oposição deu muito mais

4 de abril de 2023 às 20h14
Entre ferimentos do combate, o prefeito saiu das cordas e deixou o ringue com uma vitória política

Nas cordas com sucessivas crises administrativas, do Apagão no Isea à greve dos professores, o prefeito Bruno Cunha Lima mudou de posição no ringue. Provocado pelos adversários, fez do empréstimo de US$ 52 milhões um gesto de ataque.

Bruno se esquivou dos jebs das críticas e dialogou, durante a luta, com a grande plateia de Campina Grande. E tentou, como pode, jogar a torcida contra os adversários, puxando para si o papel de vítima. E a cidade – por consequência.

Nos bastidores, travou luta à parte para conquistar os votos necessários. Mesmo capenga e com a barbeiragem de uma sessão anulada, a operação funcionou diante de uma oposição exposta em sua frágil articulação, sem comando definido, e que terminou – ao final dos rounds – com tamanho real menor do que se supunha.

Como vantagem, Bruno usou a luva do discurso cômodo de benefícios reais e demandas reivindicadas pelos cidadãos. Deixou para os adversários o ônus do golpe abaixo da cintura que poderia travar essas realizações, ainda que a custo de dinheiro externo. Tivesse perdido a luta, já tinha a quem culpar por eventual baixo volume de entregas.

Numa guerra desvantajosa, manda o bom senso sair dela com algum bônus. Para a oposição, talvez o melhor desempenho seria ganhar por pontos, emplacar emendas de amarras do cronograma de obras e artigos na Lei que protegessem o erário. Melhorar o projeto, não golpeá-lo, com sangue nos dentes, até tentar o nocaute que não veio.

Para Bruno, também tem lição no meio da pancadaria. No combate, teve que ceder, conciliar e negociar com os vereadores, segmento que vez por outra seu estilo peculiar ensaia desprezar no cotidiano da gestão. O clássico prefeito foi obrigado a descer os degraus, dialogar e conquistar votos decisivos de Severino da Prestação e Dona Fátima, por exemplo.

Entre ferimentos de desgastes, o prefeito saiu com um cinturão para chamar de seu. E a oposição sem o direito de reivindicar, a cada inauguração que houver, seu crédito de co-participação. Ou de, quem sabe, cobrar o que autorizou se, porventura, não for feito. Bruno queria um empréstimo. A oposição deu um discurso e um crédito exclusivo para o prefeito. Uma vitória política para quem vinha só na defensiva.

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