Um "novo PSB", o grande desafio de João Azevêdo – Heron Cid
Opinião

Um “novo PSB”, o grande desafio de João Azevêdo

3 de março de 2022 às 11h44

O PSB vive nova fase na Paraíba. Depois da desidratação profunda pela avalanche de deserções, o partido retoma o fôlego. Muito pela resiliência do deputado Gervásio Maia e muito pelo significado da recuperação do reingresso do governador João Azevêdo, que devolve musculatura, poder, perspectiva e consequentes filiações.

Mas não adianta ninguém na sigla fingir que nada houve e que está tudo em ordem. A história não se apaga e é real o desafio da recuperação da imagem partidária, notadamente avariada pelos traumas revelados pela Operação Calvário sobre a verdadeira face de seu antigo comando.

Ao lado de Gervásio, o governador tem a missão de forjar um partido com democracia interna, vacinado contra a autocracia e a concentração de poderes e decisões sintetizadas ao querer único. E convocar para dentro filiados e lideranças ao trabalho de coletiva restauração.

O novo estágio prescinde posições políticas claras contra os contratos codificados, o aparelhamento do estado, o sequestro de duodécimos e as organizações sociais, câncer extirpado pelo atual governo em duríssima quimioterapia e cujos efeitos colaterais são facilmente identificados na vingança política em curso. À luz do dia.

O PSB que renasce deve estar guiado no respeito à autonomia das instituições e poderes, na capacidade de diálogo institucional, na liberdade de imprensa, no relacionamento saudável e cooperativo com as categorias do funcionalismo estadual. Definitivamente separado da intimidação e do absolutismo.

O PSB em reciclagem precisa conservar a história de compromisso com a democracia, com a participação cidadã, as políticas sociais de inclusão e de socorro aos vulneráveis, e ao mesmo se manter blindado dos extremismos ideológicos, do autoritarismo e da condução cartorial, personalista, que resultou na violência de uma intervenção responsável pela sua quase extinção na Paraíba.

Um partido voltado aos direitos das minorias, sem se desconectar de demandas da maioria e, por isso mesmo, com desprendimento para produzir tanto consensos quanto rupturas. Um organismo capaz de conviver, em harmonia e crescimento, com os contrários, de ausculta do contraditório, ao ponto de estabelecer o convencimento pelo argumento exaustivo, como na recente negociação entre Governo e Polícia. Nunca pela truculência e rendição.

Sob os ombros do governador, com demais lideranças que se reconciliam com a sigla, a tarefa de apresentar e entregar a Paraíba “um novo PSB”. Um partido que conjugue política e administrativamente o plural, e lembre cada vez menos o passado de verbos e atitudes ditados na primeiríssima pessoa do singular.

Um partido que aquilo que prega em público para multidões não seja miseravelmente diferente do que pode ser gravado em conversas e negociações reservadas em gabinetes.

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