Por natureza, a política é atividade de risco. Não é terreno para desprovidos de coragem ou excessivamente comedidos. Ao se posicionar oficialmente na disputa ao governo, o deputado Pedro Cunha Lima superou uma etapa crucial, a do medo, legítimo e natural para qualquer um.
Ao contrário de outros players paraibanos, Pedro tem o que perder. Se não obtiver sucesso, faltará a ele sobrevida de um mandato para chamar de seu, como podem contar, por exemplo, senadores detentores de quatro anos de gordura parlamentar. Ou simples aventureiros.
Se o desafio que o jovem parlamentar lançou-se fosse fácil, outras forças mais taludas e com maior densidade eleitoral teriam segurado as rodilhas. Pelo contrário, nomes consagrados, como Veneziano Vital, hesitam, outros, donos de maior projeção, como o ex-prefeito Romero Rodrigues, pragmaticamente desistem.
A coragem, já provada, não basta. O deputado terá muito mais a vencer além do frio na barriga e o exercício do desprendimento. No horizonte, a tarefa de sensibilizar e cativar um eleitor ressabiado com propostas revolucionárias e desconfiado de grandes promessas.
Especialmente, porque, cada vez que inovar no discurso, enfrentará nos olhos do público enorme retrovisor para comparação entre o que prega neste presente instante e o que seu partido e até seu pai (o ex-governador Cássio Cunha Lima) fizeram (ou deixaram de fazer) em recente passado quando pilotaram os destinos e o orçamento do Estado.
Pedro será candidato de uma fragilizada e fragmentada oposição. Para constatação, basta fazer contas. A bancada oposicionista na Assembleia não passa de dez parlamentares. E é ainda menor o número que atende a orientação do PSDB. Na base, o partido perdeu influência e prefeitos. Enquanto o governador João Azevêdo, seu principal adversário, fortaleceu sua estrutura política e favoritismo eleitoral.
Entre os desafios, a transição do discurso do parlamentar, sua mais aparente vocação e apetite, para o homem que se propõe a chefiar o Executivo, com as históricas complexidades paraibanas. Da tribuna da Câmara, onde cabe quase tudo, para o terreno real das pressões das corporações, das demandas do cidadão, do orçamento apertado, são tons e abordagens diferentes a serem calibradas.
O recém-lançado candidato tem dez meses para desfiar essas tarefas e se fazer competitivo frente às conhecidas adversidades. Ele se diz pronto e motivado. Bom começo para quem se propõe a uma dura e cansativa jornada. No cenário em que até agora só existia certa mesmo a candidatura à reeleição do governador, o PSDB anuncia em Pedro a pedra sobre a qual quer edificar sua posição. E a oposição.