Só Dias Gomes, famoso autor brasileiro, teria tanta criatividade para escrever a novela real que circundou a disputa entre a Prefeitura de João Pessoa e a direção do Aeroclube.
No embate quixotesco teve de tudo, cenas de terror e de humor.
Desapropriação, pista invadida e demolida, episódio digno de “Roque Santeiro”, e até, na contrapartida, uma manobra ao estilo de “O Bem Amado”, que reconheceu de utilidade pública uma pista que servia ultimamente à locação de circo.
Uma piada indo e vindo.
A Aeronáutica entrou pelo meio e a coisa chegou até o Supremo Tribunal Federal, onde todo o processo empacou.
O dramalhão chega ao capítulo final. O prefeito Cícero Lucena liderou a interlocução que tornou possível o desfecho positivo para a esperada construção de um grande parque na região.
Com a digital imprescindível do Ministério Público, o Termo de Ajustamento de Conduta selou a cessão de cerca de 82% do vasto terreno ao poder público municipal e garantiu o restante para a comercialização dos associados do clube.
O conflito só foi superado porque, além do diálogo estabelecido por Lucena, o novo plano diretor da cidade em formatação flexibiliza a construção imobiliária na área, um entrave anterior, e porque a intransigência de alguns diretores cedeu ao acordo necessário e inadiável.
Depois de uma década de guerra por terra e ar, o que antes era de uso exclusivo e privado de poucos está perto de servir ao desfrute coletivo de muitos.
Final feliz! Para os sócios e para a cidade.