Quatro anos atrás, políticos se mobilizaram. Diante do risco de colapso do abastecimento da região de Campina Grande, o Ministério da Integração apressou o cronograma, rasgou rios e açudes e fez do Eixo Leste, a entrada das águas por Monteiro (PB), uma realidade.
Quatro anos depois, nenhum sinal concreto ou previsão de quando o Eixo Norte, a entrada pelo Sertão paraibano – o epicentro do drama hídrico – terá as águas do São Francisco escoando em seus canais.
O Governo Federal não tem um cronograma exato. Vários prazos já foram estipulados. Junho de 2018 foi um entre tantos. Todos não cumpridos e solenemente desprezados.
Essa foi a questão levantada pelo autor do Blog e por Wallison Bezerra, durante entrevista do presidente Jair Bolsonaro à Rede Nordeste de Rádio, em parceria com a Rede Mais, na Paraíba, e um conjunto de cerca de 400 emissoras.
Bolsonaro enfatizou que o orçamento das obras está garantido e prometeu se empenhar por mais alguns recursos. Mas, não deu data exata, nem previsão. Limitou-se a dizer que sua prioridade é “levar água para o Nordeste”.
As chuvas dos últimos dois ou três anos arrefeceram à luta pela conclusão do Eixo Norte, que desembocará o Sertão, na junta entre Monte Horebe e São José de Piranhas. Estamos sob equivocada acomodação política de condicionar pressa somente quando a água estiver perto de acabar e o abastecimento ameaçado. Uma imprudência, pra dizer o mínimo.
Não se ouve mais uma voz se levantar numa tribuna oficial. E assim, o assunto vai ficando na margem e secando feito rio na estiagem.. Ora, se os principais interessados não falam, não gritam, não pedem, não incomodam, não pautam, porque Brasília há de correr atrás?
A Transposição é mais do que água de beber, a prioridade máxima. É oportunidade de desenvolvimento econômico em regiões pobres, reféns de repasses de FPM, municípios onde rareiam as chances de emprego e renda, apesar do potencial nato para a produção agrícola, fruticultura, turismo e lazer.
Cada dia, portanto, é menos um para quem precisa.
Pensar que a conclusão do Eixo Norte é secundária só porque os reservatórios estão atualmente cheios é esquecer o drama de quando os céus se fecham, sem mandar avisar, e deixam uma população inteira entre apreensiva e humilhada. Não custa lembrar: o carro-pipa continua em atuação. É o que vem mantendo água em cisternas e caixas d’água em localidades onde o abastecimento normal não chega.
Diante da incerteza e da evasiva presidencial, uma pergunta se impõe: até quando a Paraíba e o Sertão vão continuar com a boca escancarada cheia de dentes esperando a próxima seca chegar?