Eixo Norte, canal do Sertão; até quando esperaremos calados outra seca? – Heron Cid
Opinião

Eixo Norte, canal do Sertão; até quando esperaremos calados outra seca?

27 de julho de 2021 às 20h23
Desemboque do Túnel Cuncas II em São José de Piranhas

Quatro anos atrás, políticos se mobilizaram. Diante do risco de colapso do abastecimento da região de Campina Grande, o Ministério da Integração apressou o cronograma, rasgou rios e açudes e fez do Eixo Leste, a entrada das águas por Monteiro (PB), uma realidade.

Quatro anos depois, nenhum sinal concreto ou previsão de quando o Eixo Norte, a entrada pelo Sertão paraibano – o epicentro do drama hídrico – terá as águas do São Francisco escoando em seus canais.

O Governo Federal não tem um cronograma exato. Vários prazos já foram estipulados. Junho de 2018 foi um entre tantos. Todos não cumpridos e solenemente desprezados.

Essa foi a questão levantada pelo autor do Blog e por Wallison Bezerra, durante entrevista do presidente Jair Bolsonaro à Rede Nordeste de Rádio, em parceria com a Rede Mais, na Paraíba, e um conjunto de cerca de 400 emissoras.

Bolsonaro enfatizou que o orçamento das obras está garantido e prometeu se empenhar por mais alguns recursos. Mas, não deu data exata, nem previsão. Limitou-se a dizer que sua prioridade é “levar água para o Nordeste”.

As chuvas dos últimos dois ou três anos arrefeceram à luta pela conclusão do Eixo Norte, que desembocará o Sertão, na junta entre Monte Horebe e São José de Piranhas. Estamos sob equivocada acomodação política de condicionar pressa somente quando a água estiver perto de acabar e o abastecimento ameaçado. Uma imprudência, pra dizer o mínimo.

Não se ouve mais uma voz se levantar numa tribuna oficial. E assim, o assunto vai ficando na margem e secando feito rio na estiagem.. Ora, se os principais interessados não falam, não gritam, não pedem, não incomodam, não pautam, porque Brasília há de correr atrás?

A Transposição é mais do que água de beber, a prioridade máxima. É oportunidade de desenvolvimento econômico em regiões pobres, reféns de repasses de FPM, municípios onde rareiam as chances de emprego e renda, apesar do potencial nato para a produção agrícola, fruticultura, turismo e lazer.

Cada dia, portanto, é menos um para quem precisa.

Pensar que a conclusão do Eixo Norte é secundária só porque os reservatórios estão atualmente cheios é esquecer o drama de quando os céus se fecham, sem mandar avisar, e deixam uma população inteira entre apreensiva e humilhada. Não custa lembrar: o carro-pipa continua em atuação. É o que vem mantendo água em cisternas e caixas d’água em localidades onde o abastecimento normal não chega.

Diante da incerteza e da evasiva presidencial, uma pergunta se impõe: até quando a Paraíba e o Sertão vão continuar com a boca escancarada cheia de dentes esperando a próxima seca chegar?

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