Há muito tempo eu espero pela gargalhada geral. Vou dormir pensando nela. Meu amigo, minha senhora, minha vizinha, minha namorada, quando tudo isso passar a gente vai invadir a cidade e se abraçar, tomar umas e outras, saborear o tutano do mocotó (que eu detesto), espetinhos nem de longe, ou um pastel chinês, quem sabe.
Nada do que foi seria – de um lado a outro lago. Quando tudo isso passar, os amores vão festejar nas praias, bares e praças, onde não deveriam estar nessa pandemia. Quando tudo isso passar, o sol vai estar mais quente e chamaremos o vento. Olé, olá.
Quando tudo isso passar, eu vou desligar a televisão, te levar para sambar naquele quarteirão, vamos ao Rio, caminhar pelas calçadas do Leblon. Tão bom, kibon.
Vamos mudar de assunto. Antípodas.
Eu li que o princípio não utilitarista afirma que o homem foge do prazer e busca a dor (o mal-estar). Logo, devemos imaginar uma sociedade que vise produzir em larga escala a infelicidade, a dor e o mal-estar. Não, eu não acredito. A dor há de nos salvar.
Vamos mudar de assunto. Cicatrizes.
Ontem conversei com a metáfora. Ela está uma fera. Disse que já desconfiava, na verdade, que todas as figuras de linguagem são parentes dela.
A senhora metáfora, compreendendo no sentido simbólico, ou um símbolo cuja função é ocupar, com o mesmo tom, o lugar de outro objeto, mas eu achei um tanto sem nexo. E tú? Não conseguimos viver sem ela, né? Quem?
Vamos mudar de assunto. Supinamente louca.
Vejamos: hipérbole: metáfora do exagero; eufemismo: metáfora da atenuação; aliteração: metáfora sonora; antítese: metáfora da oposição; onomatopeia: metáfora de imitação sonora; pleonasmo: metáfora da repetição, e por aí vão ou não chegam a nenhuma lugar, nenhuma dor.
A vida não era assim. Mas reviver não é bom.
Vamos mudar de assunto – Vamos falar de você o que você acha de mim.
Kapetadas
1 – O primeiro dinossauro extinto foi o otariossauro.
2 – Alguém que já leu a Constituição toda sabe se o Brasil sobrevive no final?
3 – Som na caixa – “Podem me prender/Podem me bater/ Podem, até deixar-me sem comer/ Que eu não mudo de opinião/Daqui do morro/ Eu não saio, não”, Zé Keti
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