A distância entre políticos e realidade: o exemplo da Câmara de João Pessoa – Heron Cid
Opinião

A distância entre políticos e realidade: o exemplo da Câmara de João Pessoa

17 de dezembro de 2020 às 10h01

O que os vereadores de João Pessoa provaram na sessão de ontem, quando aumentaram os próprios salários e do prefeito, vice e secretários, foi um quilométrico distanciamento com sua gente. Chega a indiferença mesmo.

Como de resto do Brasil, a capital paraibana vive os efeitos terríveis da pandemia. A economia fragilizada e um sem número de pessoenses entre desempregados e desalentados, pilotando achatados orçamentos domésticos, até que as coisas voltem ao normal. Ou ao “novo normal”, como os entendidos chamam.

Mas, a maioria dos vereadores está pouco se lixando para isso. Por uma razão elementar. Essa maioria que renovou o mandato ou que está chegando para desfrutar do salário de R$ 19 mil não precisa de povo para se eleger, por mais paradoxal que seja a afirmativa.

São os que fazem da política um mero escambo pessoal, ou mais um CNPJ empresarial, negócio na lógica investimento X estorno, quando não um patrimônio familiar. A política e o mandato são detalhes que ajudam a amealhar prestígio e empregos.

Ainda bem que, contando nos dedos, as honrosas exceções teimam em contrariar a regra.

O aumento geral não é só inoportuno. É, no momento, afrontoso, debochado e, portanto, não cabe no argumento do congelamento de anos, afinal, o atual vencimento já é, por natureza, muito acima da renda da média do contribuinte que financia um alto custo cujo retorno é medíocre.

Sobre o desempenho da atual legislatura, o eleitor falou pelas urnas e renovou em 50% as caras da Câmara. Sobra esperar que essa outra metade honre a renovação, e junto com o novo Executivo, repare o dano e ajuste as contas de uma máquina cara com a realidade.

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