Um presidente do Senado também chora – Heron Cid
Bastidores

Um presidente do Senado também chora

3 de setembro de 2020 às 09h30

O jogo do poder é bruto. O processo legislativo é, por natureza, árido. O que se viu ontem no Senado foi a quebra dessa dureza.

Na deliberação que aprovou a instituição do 8 de agosto como o Dia da Pessoa com Atrofia Muscular Espinhal, deu gosto testemunhar gestos de pura sensibilidade.

Não é todo dia e nem todo tempo que se assiste, em transmissão nacional, a um presidente do Senado, uma das maiores autoridades da República, se derramar de emoção.

Na condução da votação, que contou com relatório no plenário da emblemática senadora Mara Gabrilli com texto comovente e fala embargada da senadora Daniella Ribeiro, relatora da matéria na Comissão de Educação, Davi Alcolumbre não deteve as lágrimas.

E sua emoção tocou os colegas parlamentares e contagiou quem assistiu à cena. Foi a demonstração de que o Legislativo não é só um prédio frio a abrigar gente importante e engravatada.

Ele pode e deve ser um espaço sensível, humano e acolhedor. Pode sentir as lutas de anônimos, pode chorar – de verdade – as dores do Brasil que grita para ser visto, lembrado e incluído.

É esse Congresso que serve ao interesse do país, quando desce do pedestal e se encontra com seu povo e a cidadania em alma e coração. Olhando-o de igual para igual.

O pranto sincero de Alcolumbre agigantou Davi e elevou a Casa. Uma cena rara, rara como a doença que aflige, mas não abate os brasileiros e brasileiras com AME.

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