Um pastor evangélico no estratégico Ministério da Educação é, por si só, um fato pouco comum. As reações e críticas iniciais, portanto, não chegam a surpreender.
Para quem espinafrou a escolha usando o viés religioso, a crença já seria motivo suficiente para duvidar da capacidade do nomeado.
Milton Ribeiro, empossado hoje, é teólogo, advogado e doutor em Educação. Todos esses títulos se apagam diante da condição de pastor no currículo…
Curioso é que esse tipo de desqualificação prévia parte justamente de setores que – no discurso – defendem pluralidade e cobram presença de negros e mulheres no alto escalão da República.
Nada a surpreender, também. Nessas horas, todas as hipocrisias eclodem do armário.
Quer dizer que se fosse um ateu ou agnóstico, como muitos já o foram em cargos relevantse, não haveria nenhum problema? Já um ‘crente’ é difícil demais de engolir.
Se esse politicamente correto fosse convicção verdadeira, a nomeação deveria ser mesmo é saudada. Afinal, é a presença de um segmento que o IBGE projeta como maioria até 2040.
Na miscelânea cultural e religiosa brasileira, não dá pra ignorar essa ‘gente’ evangélica, ela existe, é real, é de carne e osso, tem endereço, e está aí.
Mas, a questão não é essa. O credo não pode servir nem como requisito para nomear, nem tampouco para vetar qualquer candidato à Esplanada ou a qualquer cargo público.
Porque se servir, aí sim ameaçado fica o tal estado laico, o próprio conceito que alguns invocaram para rebaixar a chegada de um pastor ao comando da Educação brasileira.
Não é o que o ministro é ou a sua fé. É o que ele fará no cargo.