A imprensa não será atropelada (por Anne Nunes) – Heron Cid
Bastidores

A imprensa não será atropelada (por Anne Nunes)

29 de maio de 2020 às 16h58 Por Heron Cid

A gravidade e profundidade da crise que vive o Brasil e o mundo, decorrente da pandemia do coronavírus (COVID-19), vêm tomando constantemente novas proporções. Mas dentre todas as lutas travadas, por diferentes segmentos, fica cada vez mais evidente a necessidade de reafirmar e fortalecer a liberdade de imprensa no país.

Ao mesmo tempo em que a sociedade busca enfrentar – mesmo com todas as sinalizações governamentais contrárias – o contágio exacerbado do coronavírus, que faz mais vítimas fatais a cada dia, combatemos também a pandemia de mentiras e desinformação, aliada a desvalorização do jornalismo, a censura e ao estímulo de práticas nocivas e intimidatórias aos profissionais de imprensa.

É inquestionável por todos aqueles que reconhecem e validam o Estado Democrático de Direito, que esses fenômenos ganham força na polarização política, e não tardiamente trarão consequências devastadoras para a vida e para a democracia. Faz-se necessário pontuar que desde a chegada de Bolsonaro ao Palácio da Alvorada, vozes e atitudes antes escondidas nos porões, passaram a emergir não apenas pelas palavras do presidente e seus aliados políticos, mas também, por parcelas – ainda – expressivas da sociedade.

Há em curso uma forte e clara tentativa de coação e repressão contra a imprensa brasileira, ferindo o direito da população de obter informação com isenção. Como disse o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (27), “a liberdade de imprensa não é construída por robôs, o que é construído por robôs são as fake news”. Quando manifestantes passam a ameaçar jornalistas, isso nada mais é do que métodos instrumentais para afetar a liberdade de imprensa.

Todos nós que fazemos parte da imprensa brasileira precisamos relembrar, em todos os espaços e em todos os dias, que a liberdade é um dos pilares da democracia, especialmente em situações dramáticas como as vivenciadas atualmente. A informação precisa, verídica e contextualizada se torna um bem ainda mais essencial.

Não podemos abrir mão da liberdade de imprensa! E esse não deve ser um interesse meramente dos jornalistas ou dos veículos de comunicação, mas sim, de todos os indivíduos. A liberdade plena de informação jornalística é uma necessidade vital para a sobrevivência de qualquer democracia, pois, antes de tudo, é preciso possibilitar espaços para a difusão das mais variadas opiniões, em especial, daquelas que vão de encontro a interesses políticos obscurantistas. Ser eleito pelo voto popular não outorga o direito de atropelar a imprensa.

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