Sempre pronto para ignorar as evidências quando lhes são desfavoráveis, o presidente provavelmente vai menosprezar publicamente os números da pesquisa CNT/MDA divulgada nesta terça 12 que mostram um aumento significativo da avaliação negativa do governo em geral e de sua conduta em particular.
Nas internas do Planalto, no entanto, o sentimento não é de indiferença nem de menosprezo e sim de preocupação e alerta para a necessidade de Jair Bolsonaro fazer um ajuste de conduta. Afinal, são mais de 12 pontos porcentuais (de 31% para 43,4%) de acréscimo na avaliação negativa do governo e outros oito pontos (de 47% para 55,4%) de aumento na rejeição ao desempenho pessoal do presidente.
Isso em quatro meses na comparação entre a pesquisa de agora e a anterior, feita em janeiro. O que aconteceu nesse período? A crise sanitária, as demissões de Henrique Mandetta e Sergio Moro, realização de atos agressivos às instituições, a atitude do presidente no descumprimento às recomendações da ciência para o combate ao novo coronavírus e a insistência de Bolsonaro em alimentar conflito atrás de conflito.
A maioria, senão todos, dos embates dispensáveis. O mais recente criado com a assinatura do decreto ampliando a lista de atividades essenciais para permitir inclusive o funcionamento de academias de ginastica e salões de cabeleireiros.
O presidente inverte a ordem dos fatores quando acusa os governadores que se recusam a cumprir a ordem de estarem em posição de afronta ao estado de direito. Na verdade, foi ele quem agrediu a legalidade quando assinou um decreto ignorando o preceito constitucional da federação, base da decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a autonomia de estados e municípios para decisões relativas ao enfrentamento da pandemia da covid-19.
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