Grande parte da carreira jornalística de Nonato Bandeira foi escrita no jornalismo cultural. Pesquisador musical por afinidade, quando foi definitivamente convidado ontem pelo governador João Azevêdo para a Secom, ele poderia ter lembrado da emblemática Escrito nas Estrelas, sucesso de Tetê Espíndola.
Afora as fantasias, ficção e o arsenal de especulações, umas por queimação, outras por mera torcida, e algumas a mando, Nonato sempre foi o nome do “signo do destino’, que Tetê canta com seus agudos máximos.
E não de dois dias atrás. Desde o primeiro raio de sol da atual gestão, invariavelmente o nome do chefe de Governo entrava na cota. Estava escrito. Só não viu quem não quis.
Por questões tão evidentes como “cartas claras sobre a mesa”.
O perfil técnico de quem estruturou e profissionalizou a Comunicação em duas experiências: na Prefeitura de João Pessoa e no Governo do Estado.
A afinação pessoal com o governador, com quem acumula relação pessoal e administrativa desde os anos de 2005, quando foram colegas de secretariado na Prefeitura de João Pessoa, e a capacidade de interlocução natural com a política, de forma discreta, ativa e produtiva.
Somente esse conjunto de qualidades e habilidades seria capaz de superar vetos diretos e indiretos de setores amuados com a possibilidade de conviver com Nonato dando o conceito, o discurso e a contraofensiva, quando preciso for, nas questões estratégicas do governo.
E não foram poucos. Ele assistiu a tudo de camarote. Aliás, os movimentos de interdição impulsionaram o jornalista a topar o desafio do qual, no início, ainda tentou hesitar, mas, depois, não resistiu ao apelo e a desafiadora conjuntura do momento.
Por várias razões, Nonato é o cara certo na hora certa num momento de travessia em que pouco a pouco, como já registrado aqui, o governador desenha o governo com suas digitais. Especialmente porque o escolhido compartilha do perfil moderado e conciliador do chefe. Falam a mesma língua.
Nesse aspecto, a escolha de Nonato é uma bandeira fincada por João numa área que, literalmente, fala muito do e pelo governo. Diz muito sobre o que o governador pretende imprimir daqui para frente.
Filho de professor primário, Bandeira sabe que “tudo é pedagogia”. Com sua escolha, Azevêdo estabeleceu uma nova.
Excetuando devaneios e maus humores, a opção de Nonato não foi “caso do acaso”. Ela estava escrita. Não nas estrelas, mas na testa do governo que Azevêdo vai formando. Mesmo que, para alguns, a reação tenha sido a da exclamação de Tetê: “Que surpresa ele nos preparou”.