Luís Tôrres e o outro lado – Heron Cid
Opinião

Luís Tôrres e o outro lado

31 de julho de 2019 às 11h26 Por Heron Cid
Luís Tôrres regressa ao jornalismo com mais experiência e trazendo consigo um novo olhar sobre a política e a gestão pública.

O jornalista Luís Tôrres deixa hoje a Comunicação do Estado. E pode dizer que se afasta do cargo com resultados técnicos a mostrar.

Assumiu a Secretaria num período crítico do governo do PSB, em 2014, e participou ativamente da desacreditada reeleição do governador Ricardo Coutinho.

O seu “Viva o Trabalho” virou marca do governo que conseguiu eleger um sucessor no primeiro turno.

Despede-se perfilando um novato João Azevêdo com quase 60% de aprovação.

Missão cumprida. Missão comprida, também.

Provavelmente um dos mais jovens entre os ocupantes da função, Luís foi, paradoxalmente, o mais longevo na espinhosa missão.

Foram seis anos no comando de uma pasta que faz interlocução direta com a imprensa e veículos e indireta com a política.

E quem aguenta muitas pancadas. De fora e de dentro do próprio governo.

Tal qual no jornalismo, cujo traço sempre foi de posições e análises contundentes, quando viveu o outro lado da moeda abraçou o posto com a mesma paixão e absorveu com fervor a linha política do ricardismo. Quando precisou ser, deixou de lado o script técnico e foi um militante da causa ao ponto de gerar uma identidade que mereceu ser lembrado para disputas eleitorais.

Mergulhou técnica e politicamente no ofício, inclusive acumulando desafetos no universo da política. É o ônus da coisa.

O êxito geral não surpreende a quem, feito eu, o viu exatamente no começo da carreira.

Eu aluno de Jornalismo da UFPB e incipiente estagiário do Tribunal Regional Eleitoral e ele já um ascendente repórter no extinto Jornal da Paraíba.

Alí, já dava para ver seu diferencial na apuração, seu faro e tino para a reportagem e observação política.

Mais tarde nos encontramos no mercado, já como colegas de profissão e formação.

Posteriormente, eu como pequeno empresário do ramo (Portal MaisPB) e ele na Secom.

Nesse período convivemos a maior parte do tempo numa relação delicada, para não chamar de precária. Por motivos que – quero crer – fugiam ao seu controle e convicção pessoal.

Dissabores à parte, nunca, porém, ultrapassamos o limite do respeito mútuo, da convivência pessoal e da interação profissional, cada um no seu papel.

Na volta ao batente, Luís Tôrres –  talentoso artesão das palavra – regressa com mais experiência e trazendo consigo um novo olhar sobre a política e a gestão pública.

Ele viveu o outro lado e agora volta para o lado que sempre e verdadeiramente nunca deixará de ser seu; o ofício do jornalismo. Esse não depende de mandatos e nem de urnas.

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