A prisão de Livânia Farias, então secretária de Administração do Estado, não chega a surpreender no mundo jurídico e político.
Era uma crônica em andamento depois do depoimento de Leandro Nunes, ex-assessor dela na Secretaria por anos a fio. Ficou ainda mais desenhada após a operação policial em endereços ligados a advogada sousense.
A saída do governo deixou de ser opção diante do encarceramento. Ainda que tardia, passou a ser atitude automática. Para os dois lados. O pedido de demissão e a inevitável aceitação.
O quadro de sangria não comportava adiar, ainda mais, a hemorragia.
A agora ex-secretária terá tempo para, no processo, oferecer o sagrado contraditório e exercer o consagrado humano direito à defesa.
O que fica são as consequências dos efeitos do abatimento de uma expoente da gestão socialista nos últimos oito anos. De tão relevante, mantida no terceiro governo do PSB e no João Azevedo I. O que ficou evidente na nota pública do governo, com lamento pela prisão e crítica a princípios constitucionais interpretados como feridos pela investigação.
Da parte de Livânia, impõem-se a dedicação e imersão na sua defesa.
No âmbito do governo, o desafio de conviver com o fato negativo sem se permitir à paralisia administrativa diante da iminente exploração dos adversários e desdobramentos no Judiciário.
Com a oposição, a responsabilidade de fazer cobranças públicas por rigor e transparência, sem ultrapassar a linha racional e cair na tentação do julgamento antecipado, antes da elucidação total da apuração.
Na sociedade, o necessário e cidadão olhar sempre atento e vigilante.