(BRASÍLIA) – Estava desenhado, desde o princípio, que era equivocado o encaminhamento adotado por setores do governo na eleição da Assembleia Legislativa.
Por excesso de confiança ou presunção, ou as duas coisas juntas, em vez de buscar o melhor nome, decidiu-se primeiro quem não deveria ser presidente da Casa.
Mesmo os aventados pretendentes pertencendo à base governista.
Articulou-se por exclusão, uma opção que sempre gera sequelas, dissabores e sentimentos imprevisíveis.
Adriano Galdino foi o que entendeu melhor o processo e foi se viabilizar entre os pares, no lugar de apenas esperar, no conforto, a unção palaciana ou o mando de quem pode.
Respeitou a hierarquia política, deu gestos públicos de coalização com o chamado “projeto”, mas não ignorou um detalhe crucial: a individualidade dos deputados, o relacionamento e o comportamento de mínima separação dos poderes.
Atributos que ele provou quando passou pela Presidência.
Da outra parte, ignorou-se os mandamentos básicos. Inadvertidamente, o governo pareceu pensar estar escolhendo um secretário, que se se nomeia por uma caneta isolada no Diário Oficial. Ou por decreto.
Relegou ao plano inferior as peculiaridades do parlamento e uma questão fundamental. Uma eleição parlamentar é construída, antes de tudo, no colegiado. O contrário disso é estupro político.
A simpatia do Palácio conta. Entretanto, não é um fator isolado. O relacionamento interno pesa muito na hora da escolha, coisa que o os nomes sugeridos pela Granja não souberam construir.
Entre eles, o qualificado deputado Hervázio Bezerra, em que pese a singular oportunidade de oito anos como líder da bancada governista. Bezerra contentou-se em ser líder de Ricardo Coutinho.
De saldo, o conjunto dos erros deu no que deu.
Agora, restam duas notícias para o Jardim Girassol.
A má? Um público vexame no começo de governo que poderia ter sido evitado com doses de humildade.
A boa notícia? Galdino é um aliado cuja lealdade política a Ricardo, João e o PSB não pode sequer ser questionada.
Apenas, ele soube diferenciar a condição de aliado e de subordinado. E que o Poder pode até colaborar, mas não, necessariamente, se acocorar.
Essa lição o governo – e seu discurso republicano – precisa aprender.