Fora do Palácio do Planalto desde que Fernando Henrique Cardoso saiu de lá em janeiro de 2003 depois de ter governado o país durante oito anos, o PSDB imaginou que poderia voltar quando disputou com Aécio Neves a eleição presidencial de 2014.
Por pouco isso não aconteceu. Se Aécio tivesse vencido Dilma Rousseff (PT), e a ser verdade tudo o que se descobriu a respeito dele até aqui, o país ainda estaria sendo governado pelo “líder de uma organização criminosa” às voltas com a Justiça.
É dessa forma que a Polícia Federal trata Aécio, que por medo de não se reeleger senador disputou e ganhou em outubro último uma cadeira de deputado federal. Ele foi o principal alvo, ontem, de mais uma investida policial contra a corrupção.
Aécio é acusado de comprar com R$ 110 milhões do grupo empresarial J&F o apoio político de outros partidos quando tentou se eleger presidente há quatro anos. Se restar provado que o fez, seu destino, mais dia, menos dia, será o mesmo de Lula.
Os dois eram amigos de longa data. Foram deputados juntos, jogaram futebol juntos no Clube do Congresso, em Brasília, e embora em partidos diferentes, juntos atuaram em mais de uma ocasião até que o destino os separou.
Mal assumiu a presidência da República em 2002, Lula ficou sabendo que a manutenção do esquema de corrupção na Usina de Itaipu era do interesse de Aécio, então governador de Minas. Lula preferiu fingir que não sabia e deixou para lá.
Em meados de 2005, ameaçado de perder o cargo com o escândalo do mensalão do PT, Lula tomou um porre e admitiu renunciar. Foi a vez de Aécio sair em seu socorro. Empenhou-se em calar as vozes do PSDB que murmuravam a palavra “impeachment”. Deu certo.
A disposição de pagar qualquer preço pelo poder explica a situação que ambos vivem hoje – um, preso, à espera de novas condenações; o outro, com um pé na cadeia.
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