Aécio, com um pé na cadeia. Por Ricardo Noblat – Heron Cid
Bastidores

Aécio, com um pé na cadeia. Por Ricardo Noblat

12 de dezembro de 2018 às 09h46

Fora do Palácio do Planalto desde que Fernando Henrique Cardoso saiu de lá em janeiro de 2003 depois de ter governado o país durante oito anos, o PSDB imaginou que poderia voltar quando disputou com Aécio Neves a eleição presidencial de 2014.

Por pouco isso não aconteceu. Se Aécio tivesse vencido Dilma Rousseff (PT), e a ser verdade tudo o que se descobriu a respeito dele até aqui, o país ainda estaria sendo governado pelo “líder de uma organização criminosa” às voltas com a Justiça.

É dessa forma que a Polícia Federal trata Aécio, que por medo de não se reeleger senador disputou e ganhou em outubro último uma cadeira de deputado federal. Ele foi o principal alvo, ontem, de mais uma investida policial contra a corrupção.

Aécio é acusado de comprar com R$ 110 milhões do grupo empresarial J&F o apoio político de outros partidos quando tentou se eleger presidente há quatro anos. Se restar provado que o fez, seu destino, mais dia, menos dia, será o mesmo de Lula.

Os dois eram amigos de longa data. Foram deputados juntos, jogaram futebol juntos no Clube do Congresso, em Brasília, e embora em partidos diferentes, juntos atuaram em mais de uma ocasião até que o destino os separou.

Mal assumiu a presidência da República em 2002, Lula ficou sabendo que a manutenção do esquema de corrupção na Usina de Itaipu era do interesse de Aécio, então governador de Minas. Lula preferiu fingir que não sabia e deixou para lá.

Em meados de 2005, ameaçado de perder o cargo com o escândalo do mensalão do PT, Lula tomou um porre e admitiu renunciar. Foi a vez de Aécio sair em seu socorro. Empenhou-se em calar as vozes do PSDB que murmuravam a palavra “impeachment”. Deu certo.

A disposição de pagar qualquer preço pelo poder explica a situação que ambos vivem hoje – um, preso, à espera de novas condenações; o outro, com um pé na cadeia.

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