Derrotas emblemáticas no Congresso. Por Míriam Leitão – Heron Cid
Bastidores

Derrotas emblemáticas no Congresso. Por Míriam Leitão

8 de outubro de 2018 às 17h32
Requião, Eunício Oliveira, Romero Jucá e Lindbergh Farias; lados opostos sucumbiram juntos

A eleição para o parlamento teve algumas derrotas emblemáticas. A pior para o PT foi o quarto lugar da ex-presidente Dilma na disputa ao Senado por Minas Gerais. Era uma questão de honra para Lula elegê-la nessa disputa, tanto é que parte considerável dos recursos foram para ela. No lado de Jair Bolsonaro, o maior fracasso foi Magno Malta. O senador é do grupo íntimo do candidato a presidente, foi cogitado para o cargo de vice, mas se lançou à reeleição e foi reprovado pelo povo do estado do Espírito Santo.

Outra derrota emblemática é a de Romero Jucá. O senador foi líder de todos os governos recentes, do PSDB, do PT ou do MDB. Participou do governo de José Sarney, na segunda metade dos anos 1980. Dessa vez, no entanto, não conseguiu nenhuma das duas vagas para representar o estado de Roraima no Senado.

A mudança mais profunda no parlamento, no entanto, ainda vai acontecer. A partir da próxima legislatura começa a valer a cláusula de barreira. O partido que não atingir o mínimo deixa de ter recursos eleitorais. Não é só dinheiro, mas também tempo de televisão. Parlamentares em partidos que não atingirem os requisitos tendem a migrar para outras legendas. Os cientistas políticos acham que haverá um encolhimento no número de partidos com representação no Congresso. Estimam que serão 18 partidos nesta legislatura, caminhando para chegar a 10 agremiações porque as barreiras vão aumentando com o tempo.

As bancadas diminuíram de tamanho. Isso significa que o próximo presidente terá que negociar com mais partidos médios. A nova situação vai demandar do eleito muita capacidade de negociação para montar sua coalizão. Bolsonaro, por exemplo, disse que já conta o apoio de cerca de 300 parlamentares. Mas muitos deles estão envolvidos na Lava-Jato. Isso conflita com o discurso anti-corrupção do candidato.

O Globo

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