A maratona de 2018 e as corridas duplas – Heron Cid
Opinião

A maratona de 2018 e as corridas duplas

29 de abril de 2018 às 13h23 Por Heron Cid
Na corrida para 2018, concorrência dentro e fora pode definir resultado de chegada

Em 2010, o então senador Efraim Morais disputou à reeleição. Para se prevenir de qualquer imprevisto, manteve Efraim Filho como candidato a deputado federal, que – reeleito – teve destino diferente do pai e venceu.

Em 2014, Wilson Santiago tentou voltar ao Senado, por onde passou um ano no imbróglio envolvendo o vitorioso, Cássio Cunha Lima, mas manteve a natural candidatura de reeleição de Wilson Filho. A cena se repetiu: um derrotado e o outro vitorioso.

No mesmo ano, o senador Cássio Cunha Lima tentou o Governo e lançou Pedro Cunha Lima. De novo, o repeteco. Com todo o favoritismo do mundo, Cássio não perdeu apoios por conta do filho. Ao contrário, elegeu, embora tenha amargado insucesso na disputa principal.

Em 2018, Cássio tentará renovar o mandato. Pedro Cunha Lima também. Ambos despontam com situações um tanto confortáveis. Como não está na cabeça de chapa e detém penetração num eleitorado já consolidado, Cássio se preocupará menos com apoios de partidos. E Pedro fez um mandato que lhe dá condições de caminhar com as próprias pernas.

No grupo governista, o deputado Veneziano Vital, pré-candidato ao Senado, também vive uma situação de dupla candidatura. Além dele, está na pista a pré-candidatura de Ana Cláudia Vital para a Câmara. Estrategicamente, Veneziano não se desfez dos apoios de federal e preserva o espólio com a postulação da esposa.

O que é solução também pode ser problema. Diferente de Cássio e Pedro, que já estão nos mandatos, Veneziano corre o risco de enfrentar dificuldades com lideranças de partidos da órbita do Governo detentores de mandatos federais.

A questão é elementar: candidatos à reeleição poderão resistir a apoiá-lo baseado num questionamento: eu peço voto para ele ao Senado e ele pede contra mim para federal? Tanto é verdade que deputados federais da base governista se mantêm silentes e se resumem a declarar voto em João Azevedo.

Alguém pode rapidamente sacar uma exceção. Em 2010, o próprio grupo emplacou Vital do Rêgo senador e dona Nilda Gondim deputada federal. Cenário totalmente diferente. Naquele instante, o clã tinha o comando da Prefeitura de Campina Grande, uma máquina azeitada com potencial de influenciar o pleito.

Carismático e contando com o diferencial do apoio de Ricardo e do Governo, Veneziano – uma hora ou outra – precisará refletir sobre esse fator que pode – em menor ou maior grau – inibir apoios e solidariedade da própria base governista e atrapalhar seu projeto. Esse quadro já traz certa preocupação em setores da articulação do Governo.

Porque uma coisa é certa: para os federais, ciosos e preocupados com reeleição, a primeira concorrência que pesa a hora de definir o voto é a interna. E isso vai do PT, com a necessidade de garantir a vaga de Luiz Couto, a um DEM, cuja prioridade é reeleger Efraim Filho. O histórico, portanto, recomenda ponderação a Veneziano.

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