Delegados celebram a saída de Segovia da PF. Por Josias de Souza – Heron Cid
Bastidores

Delegados celebram a saída de Segovia da PF. Por Josias de Souza

1 de março de 2018 às 09h41
Fernando Segóvia, ex-diretor-geral da Polícia Federal, durante entrevista coletiva

O tempo dirá o que Raul Jungmann será capaz de fazer com o Ministério Extraordinário da Segurança Pública, que recebeu de Michel Temer. Mas a transferência de Jungmann da pasta da Defesa para o novo ministério produziu um primeiro efeito colateral benfazejo. O afastamento de Fernando Segovia da direção-geral da Polícia Federal retirou da sala da Lava Jato um bode que exalava um odor insuportável. Rogério Galloro, o substituto, é um delegado respeitado pela corporação. Tende a apagar o incêndio que arde na PF.

Se Michel não fosse tão Temer, José Sarney jamais teria ousado indicar Segovia para a chefia da PF. E o denunciado Eliseu Padilha não estaria na Casa Civil para avalizar um apadrinhado disposto a azeitar a Operação Abafa a Jato. Auxiliares de Temer esforçaram-se para manter Segovia na PF. Natural. Enquanto ele estivesse lá, as investigações contra o PMDB é que seriam suspeitas, não os investigados. Nem mala com propina de R$ 500 mil era evidência de corrupção.

Temer dissera que tinha dez nomes para a pasta da Segurança Pública. Era lorota. Recorreu a Jungmann, opção doméstica. O novo ministro levantou duas condicionantes: carta branca para trocar os subordinados e reforço orçamentário. Premido pelo relógio, Temer concordou. Jungmann deu entrevista nesta quarta-feira.

Com Segovia, teria desperdiçado 100% do tempo dando explicações sobre um subordinado tóxico. Sem ele, pôde falar sobre segurança. Como ensinou o gênio Guimarães Rosa, ”sapo não pula por boniteza, mas sim por precisão”. Foi por necessidade, não por boniteza, que Jungmann livrou a Polícia Federal de Segovia. Os delegados que se ocupam de inquéritos anticorrupção celebram a novidade.

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