Posso até ter reparado mal – quem sabe bitolado pelos padrões de confronto político reinante na Paraíba. Se não vi muito, ou pouco, das entrevistas prestadas ontem pelo senador Cássio Cunha Lima ao Sistema Arapuan ficou a impressão de uma leve alteração de estratégia política.
Desde o embate de 2014, Cássio nunca perdeu uma chance de bater pesado no Governo do PSB ou reagir com contundências as provocações emanadas do Jardim Girassol.
A recíproca é também verdadeira. Cássio é o alvo preferencial, ininterrupto, do governador Ricardo Coutinho, sempre inclinado a puxar o tucano para a arena, seja qual for o tema e independente da pertinência.
Não que o tucano se furte a criticar o governo em áreas específicas, como reitera contrapontos na Educação, Saúde e especialmente Segurança. Não é isso.
O que começa a aparecer é uma postura de quem só entra no necessário e indispensável. Sem a crítica pela crítica só para alimentar manchetes e o revanchismo de cassistas contra ricardistas Paraíba afora. E olhe que não são poucos, a julgar pelo resultado da eleição.
Nas entrevistas, o senador até faz questão de pontuar e frisar o mérito de Ricardo em ter executado obras, cujos projetos e licitações começaram em seu período de mandato. Antes, ficava na reivindicação de sua contribuição administrativa para a obra finalmente realizada.
Noutros questionamentos, Cássio teve a oportunidade de desancar ou distribuir acidez contra o seu adversário, como geralmente não vacilava em outras ocasiões. Dessa vez, evitou o embate pelo embate.
Das duas uma. Ou a postura mais soft representa seu atual estado de espírito pessoal, leveza própria da aura da nova paternidade. Ou é, de fato, uma moderação na estratégia política, diminuindo flancos para atravessar a ponte de 2018 com menos zonas de confronto e bombardeio. Até porque puxar o gatilho é dar a munição que Ricardo, bom de guerra, sempre espera.