Deputado-presidiário é o signo da falência moral. Por Josias de Souza – Heron Cid
Bastidores

Deputado-presidiário é o signo da falência moral. Por Josias de Souza

24 de novembro de 2017 às 09h56
Celso Jacob (Cristiano Mariz/Veja)

Ele se chama Celso Jacob. Mas poderia se chamar Senhor Nada. No momento, ele tem domicílio no presídio da Papuda, em Brasília. Mas dá expediente na Câmara dos Deputados. Sim, é isso mesmo. Celso Jacob, o Senhor Coisa Nenhuma, exerce o mandato de deputado durante o dia e retorna para a cadeia à noite. Condenado em julho do ano passado pelo Supremo Tribunal Federal a 7 anos e 2 meses de cadeia, Celso ‘Nada’ Jacob cumpre a pena em regime semiaberto.

Um condenado criminal exerce um mandato eletivo há um ano e quatro meses. E todos fingem não ver. É como se os colegas do Nada olhassem para ele no plenário da Câmara sem conseguir alcançá-lo com os olhos. O olhar atravessa o Nada e vai bater no couro da poltrona. Filiado à facção do PMDB do Rio, o Nada foi condenado por fraudar a licitação de uma creche.

Invisível na Câmara, o Nada foi enxergado na penitenciária. Tentou entrar com dois pacotes de biscoitos e um pedaço de queijo provolone escondidos na cueca. Foi recolhido ao isolamento por sete dias. A punição pode ser prorrogada por 30 dias. Esse personagem, ex-fraudador de licitações, agora traficante de biscoitos e queijos, transita pelos corredores da Câmara como representante do povo do Rio de Janeiro. O nornal seria que fosse cassado. Mas o normal, em temos de Lava Jato, foi extinto no Brasil.

– Atualização feita às 23h01 desta quinta-feira: O Tribunal de Justiça do DF revogou a autorização que permitia ao ‘Senhor Nada’ frequentar a Câmara durante o dia. A decisão talvez mostre aos parlamentares que não é possível ignorar o inaceitável.

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