A distorção da decisão do juiz Waldemar Cláudio – Heron Cid
Opinião

A distorção da decisão do juiz Waldemar Cláudio

19 de setembro de 2017 às 10h17 Por Heron Cid

Quem disse que o juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, do Distrito Federal, criou um tratamento gay no âmbito da psicologia?

Em nenhum momento na sua decisão, o magistrado impõe um pensamento e nem qualifica a homossexualidade como doença e nem muito menos estabelece uma cura.

O despacho, que atendeu a uma ação popular, tem sido distorcido Brasil afora, dado o clima de permanente confronto entre setores do movimento LGBT e representantes da sociedade que discordam de algumas de suas bandeiras.

Nesse caso, a Justiça, em liminar, deixou psicólogos livres para oferecer atendimentos na área de homossexualidade, o que na, prática, impede que o Conselho Federal de Psicologia (CFP) proíba orientação sexual.

Uma coisa bem diferente da outra.

Desde 1999, resolução do Conselho atendeu movimento da Organização Mundial da Saúde (OMS), que deixou de considerar a homossexualidade uma doença em 1990.

A decisão do juiz  mantém o texto da Resolução 01/99, mas determina a interpretação de modo a não proibir que psicólogas (os) façam atendimento buscando reorientação sexual. Ressalta, ainda, o caráter reservado do atendimento e veda a propaganda e a publicidade.

E onde está escrito que quem procura um psicólogo irremediavelmente está associando uma questão de seu foro íntimo a uma patologia?

Há quem recorra ao serviço para melhorar em aspectos de sua vida pessoal (adultério, mentiras, mau humor, remorsos, culpas). Ou simplesmente para se entender e se conhecer melhor perante a existência.

Se alguém julga precisar de ajuda pela sua condição de homossexualidade, quem pode impedi-lo? Que mal faz quem procura e que crime comete o profissional que a recebe para ouvi-la?

E se ela quiser, porventura, realmente mudar, não é de sua individualidade e de sua conta? E se a procura for para conseguir a difícil decisão de “sair do armário”? Por que tornar essa prerrogativa pessoal em algo a ser combatido?

Uma contradição abissal e, aí sim quase patológica, dos movimentos que tanto defendem e pregam a liberdade.

Confira a sentença na íntegra  

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