Da conversa do senador Cássio Cunha Lima (PSDB) com um grupo de investidores, vazada pela Folha, sobre o fim do Governo Temer só há uma imprecisão: o prazo de 15 dias.
Seria impossível, por óbvio, a queda em duas semanas. Basta lembrar os meses do martírio de Dilma.
Na conversa com o Blog, nesta manhã, o tucano, no geral, repetiu suas impressões sobre a contagem regressiva do Governo.
E com argumento lógico.
Todos os sinais indicam que o relator do processo deve votar pela autorização da abertura de investigação contra o presidente no STF.
Detalhe: Sérgio Sveiter é filiado ao PMDB, partido do presidente. Ora, se Temer perder apoio dentro da própria sigla, como terá da base aliada?
“Quando se olha no horizonte só se enxerga mais problemas à vista”, disse Cássio, eufemizando um cenário de bombas no território do Planalto, com as delações de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro em vias de explosão.
No paralelo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, sucessor em potencial, trabalha discreta, porém, competentemente para ocupar o posto.
Se a Câmara autoriza a investigação e o STF conhece da denúncia, Temer se afastaria por 180 dias abrindo espaço para Maia, que dificilmente devolveria o cargo e articularia, naturalmente, sua eleição indireta.
Liberal por convicção, Rodrigo – lembra Cássio – é bem visto pelo mercado e não tem nenhuma complicação jurídica que comprometa eventual mandato.
No seu trabalho de articulação, o presidente da Câmara acena pela manutenção da equipe econômica e mudança de ministros. Inclusive, do seu sogro Moreira Franco.
O dado mais determinante: Temer – que não tem apoio popular – está, diante da crise e dos prenúncios de mais tempestade, em vias de perder o último bastião que lhe sustenta no poder: base parlamentar.
Um capítulo parecido com o final da novela que levou Dilma à desgraça.