
O Brasil vive o auge da disfuncionalidade institucional. Em orientação de biruta, os poderes extrapolam suas prerrogativas, invadem competência e também se desmoralizam.
A aprovação do projeto de anistia, mal disfarçado de “dosimetria”, é escandalosa, mas apenas genérico do que tem se praticado, desavergonhadamente.
Nesse caso, o Legislativo se prestou ao papel de órgão julgador, mudou as regras do jogo e revisou penas de condenados da quixotesca tentativa de golpe. Tudo – escandalosamente – com efeito retroativo.
Poucos dias antes, o Judiciário, que poderia ter alguma autoridade moral para criticar a manobra, fez a sua. O ministro Gilmar Mendes decidiu – por si só – revogar a Lei do Impeachment.
Na nova República de Gilmar, impeachment de ministro do STF agora é prerrogativa do procurador-geral desta. O Supremo furta o papel do Congresso e muda a Lei para se autoblindar.
Bem antes, a coisa desandou primeiro para o Executivo. O Poder deixou de ser o gestor do recurso público quando o orçamento foi sequestrado pelo Parlamento.
Com baixo controle orçamentário, o governo virou um tirador de pedidos do Congresso, dono do orçamento secreto, das emendas pix e similares.
A Constituição Federal virou um papel higiênico dos seus guardiões. E o conceito de República desceu a ladeira para a Casa de Mãe Joana. Com todo o respeito a essa distinta senhora… Joana, claro!