As verdades (incômodas) de Julian Lemos – Heron Cid
Opinião

As verdades (incômodas) de Julian Lemos

9 de dezembro de 2025 às 14h22 Por Heron Cid
Falas de ex-deputado federal ainda geram sequelas por ser o que ele foi e saber o que ele sabe

Você pode até discordar da forma e até questioná-lo eticamente pelas revelações de bastidores. Mas não dá pra negar uma constatação: Julian Lemos conviveu na intimidade do clã Bolsonaro. Como se diz por aqui na Paraíba, ele “foi de dentro”. Por isso, o que fala, tanto tempo depois do rompimento e sem mandato, ainda causa estrago.

No programa Hora H, da TV Norte Paraíba, o ex-deputado voltou a escavacar feridas. Auscultado sobre a candidatura de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), relembrou o ‘verão passado’ do então deputado estadual do Rio e a parceria com Fabrício Queiroz.

Lembram dele? Queiroz era aquele acusado pelo Ministério Público de ser o arrecadador de “rachadinha’ no gabinete de Flávio. O mesmo que passou uns dias fora de cena e foi achado pela Polícia escondido no sítio do advogado pessoal de… Bolsonaro.

A desgraça de Bolsonaro, historia Julian, começou quando o pai “sacrificou” o projeto de consolidação da direita como uma força política no Brasil “para salvar um filho corrupto”.

No programa, Julian lembrou uma das conversas que teria entabulado com o então presidente: “Pegaram meu filho. O que eu vou fazer”? Teria dito Bolsonaro, justificando, entre outras coisas, o desmonte da Lava Jato.

“Não aguenta 60 dias de pré-campanha, porque não aguenta o pau de galinheiro que ele faz parte”, projetou o ex-deputado sobre o que chama de “farsa” da candidatura de Flávio. “Jandira Feghali fez ele desmaiar num debate, imagine o Lula”.

“Eles são corruptos de beira de estrada. Batedores de carteira de pedir nota de combustível e ganhar dinheiro em cima”, acossou o ex-aliado.

“Jair não confia na mulher para uma missão dela e os filhos não aprovariam. Jair não vai ficar contra os três filhos”, cravou Julian.

Para Lemos, o movimento pró-Flávio só tem um objetivo: preservar o espólio de Bolsonaro, que prefere Lula reeleito a aceitar outra liderança, e garantir a “subsistência’ financeira da família com eleição de três senadores (Flávio, Carlos e Michelle) e um deputado federal (Renan).

“Ele só voltou dos Estados Unidos porque aqui garantiu R$ 47 mil para ele e R$ 47 mil para Michelle só no PL, fora emprego para o irmão dela, enteada dele”, contou.

Não disse, mas bota alguém com juízo para refletir que o clã Bolsonaro vive do erário, sem qualquer outro exercício profissional ou empresarial para botar a feira na despensa da casa e nem justificar o valioso patrimônio de imóveis.

Lemos também criticou a transição felina de Bolsonaro. Do rugido do “mito” e “imbrochável” nas ruas ao miado do ex-presidente acovardado diante do ministro Alexandre de Moraes, no julgamento da tentativa quixotesca e fracassada de golpe.

Pelas iradas reações da entrevista nas redes, as falas de Julian Lemos incomodam. Por ser quem ele foi e por saber o que ele sabe. Mas, principalmente, porque batem com a realidade. E encará-la virou pesadelo para quem escolheu viver de ficção e ideologia.

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