
Quando estava no beco estreito das escolhas difíceis, o senador José Maranhão costumava esgotar o tempo. Enquanto aliados se descabelavam, o veterano emedebista deixava o relógio e os fatores externos trabalhando ao seu favor. Não raramente, a conjuntura mais adiante se encarregava de decidir muita coisa por ele.
O avanço do calendário leva a oposição na Paraíba a precisar se decidir sobre qual roupa vestirá na alvorada de 2026. Com a ‘descandidatura’ de Pedro Cunha Lima (PSD), lideranças oposicionistas se debatem entre o direito adquirido do senador Efraim Filho (União), aliado de primeira hora, e a perspectiva de poder do prefeito Cícero Lucena (MDB), em processo de metamorfose do governo para a oposição.
Pela dianteira de Cícero nas pesquisas e a vantagem deste contar com a mega estrutura da Prefeitura da capital, a equação parece simples e pragmática demais. Parece, mas não é. Por isso, articuladores da oposição ponderam as consequências de um embarque total no projeto cicerista e o consequente despejo de Efraim na margem da estrada.
Avaliam que, se não for bem calibrado e perfeitamente operado, o apoio integral pró-Cícero tem potencial de gerar sequelas e abrir caminho e discurso para o senador do União Brasil também buscar, legitimamente, sua sobrevivência. Com todo o arsenal retórico e narrativa de traído, por sinal. Numa eleição de dois turnos.
Enxadrista, Efraim não se afoba. Segue dando uma de desentendido e apelando, pública e repetidamente, pela reciprocidade da adesão determinante de 2022, quando rompeu com a base do governo para completar e viabilizar a chapa de Pedro Cunha Lima. Largá-lo apenas com o apoio do prefeito Bruno Cunha Lima (União) pode não ser consolo suficiente para o coração de Efraim.
O relógio badala contra e a oposição necessitará, cedo ou tarde, fazer sua escolha: bater o martelo logo ou seguir a fórmula da prudência do sábio José Maranhão e esperar para abril dizer quem é quem e decidir muita coisa por si só? O tempo passa. Tic-tac, tic-tac, tic-tac…