
Provavelmente foi mera coincidência, mas bem que a data caiu num dia sugestivo. Num sábado feriado da Proclamação da República, o presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino (Republicanos), guardou a espada e hasteou a bandeira branca de pacificação no território governista da Paraíba.
Com o ato – publicizado pela fotografia de mãos entrelaçadas -, o deputado revogou meses seguidos de tensionamento provocado por declarações fortes e um festival de especulações de rompimento com o governo e adesão à oposição.
Na Granja Santana e perante os principais marechais da aliança palaciana, Galdino foi o centro de um conclave que ultrapassou quatro horas de apelos por unidade na embaixada do governador João Azevêdo (PSB). Adriano cedeu e, enfim, decretou o apoio à chapa completa e o apoio à candidatura do vice-governador Lucas Ribeiro (PP) ao governo.
O atual presidente da Assembleia se transformou em personagem de relevo no debate eleitoral paraibano. Detém forte influência perante seus pares no Legislativo e comanda um exército de prefeitos. De temperamento forte, é da sua natureza vestir a camisa das causas e movimentos que abraça. Como ele mesmo se define, “eu sou o que sou”.
A decisão de retirada de candidatura dissidente no Republicanos tira um obstáculo gigante que travava ou atrasava o caminho de Lucas Ribeiro. Antes do Natal, chega como um presente para quem precisa avançar e ampliar perspectivas de poder na concorrência com seu principal adversário, o prefeito Cícero Lucena (MDB), com o carro avançando sobre o terreno oposicionista.
O apoio estratégico de Adriano tem reconhecido peso no universo político e desequilibra a balança em favor de Lucas. Isso o império da oposição não pode nem negar nem contestar. Foi ela própria quem passou meses estendendo tapetes, reconhecendo o tamanho de Galdino e prospectando uma ‘revolução’ que não veio. Galdino proclamou o ‘fico’ e fortaleceu a República de João, Lucas e Nabor.